Todos os dias, ela pedalava lentamente por aquele jardim
vestido de sorrisos. Deslumbrava-a todas aquelas aguarelas reais, todos aquelas
fragrâncias celestiais e a melodia das árvores que aninhavam, nos seus braços,
os pássaros da sua alma.
O som da cascata, que escorregava por entre aquela vegetação
cheia de encanto, sobressaía naquele silêncio harmonioso de sentidos. Um doce
murmúrio de saudade, uma solidão prazenteira irradiava por toda aquela paisagem
povoada pelos seus sonhos.
Uma ligeira brisa afagava as suas lembranças de futuro, o
seu paraíso secreto! Havia danças no horizonte que só ela vislumbrava, poemas
tatuados nas árvores que só ela lia.
Hoje, aquela mulher ausentou-se. Hoje os pássaros não saíram
dos ninhos, o silêncio daquele lugar era agora um ruído ensurdecedor de solidão
cheia de sombras.
Porque trazes pássaros feridos no teu olhar? Como desaguou a
tristeza pelo teu peito? Porque não regressas? Quem te cortou as asas do teu
bem-querer? Não desistas, os muros da ausência serão desmoronados! Vem, mesmo
descalça, sente o sussurro da terra e traz o livro da tua esperança. Quando
chegares, senta-te à beira dos teus sonhos e folheia as páginas do teu
presente. Interpreta atentamente as linhas do teu viver… e se quiseres, salta
páginas, espreita as letras ainda proibidas, talvez possas iluminar o teu
coração e este volte a sorrir.
Fanny Costa
Que lindo!!!
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