Era uma vez uma Flor triste, sem perfume, lírios
desencantados e orquídeas murchas no jardim dos sentidos. Ausência de aves. Só
a música do silêncio atroante e a dança amarga da solidão, passos
desconcertados e atordoados. As brisas enclaustradas choram a ausência de
carícias nas pétalas daquela Flor abandonada e triste. As borboletas perderam o
seu rumo, voam num labirinto sombrio e não veem a saída das auroras e dos
sorrisos das amadas boninas. Pobre jardim onde as lágrimas do céu borrifam a
angústia daqueles seres desbotados pelas intempéries do Tempo.
Pobre Flor… tantas palavras bonitas para lhe murmurar,
tantos poemas camuflados… tantas quimeras suspensas na letargia dos dias.
Fecharam-se os portões daquele vergel cansado. Árduo viver…
a Flor deixara de sonhar!
Fanny Costa
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