domingo, 22 de abril de 2018

Flor triste



Era uma vez uma Flor triste, sem perfume, lírios desencantados e orquídeas murchas no jardim dos sentidos. Ausência de aves. Só a música do silêncio atroante e a dança amarga da solidão, passos desconcertados e atordoados. As brisas enclaustradas choram a ausência de carícias nas pétalas daquela Flor abandonada e triste. As borboletas perderam o seu rumo, voam num labirinto sombrio e não veem a saída das auroras e dos sorrisos das amadas boninas. Pobre jardim onde as lágrimas do céu borrifam a angústia daqueles seres desbotados pelas intempéries do Tempo.
Pobre Flor… tantas palavras bonitas para lhe murmurar, tantos poemas camuflados… tantas quimeras suspensas na letargia dos dias.
Fecharam-se os portões daquele vergel cansado. Árduo viver… a Flor deixara de sonhar!

Fanny Costa

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