quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Murmúrio calado




A solidão habitava aquele olhar brando e apagado. Havia um murmúrio tácito que o coração abrigava no inverno do sentir. Os passos estagnavam na soleira da porta ainda cerrada, uma vereda sem saída, um labirinto perene onde a dor aluía em gritos de solidão. Não havia forma de devolver estrelas de sonhos agora extraviados. Não havia forma de resgatar a essência duma vida… percurso inacabado de um destino inanimado, pálido. A melodia solfejava notas de uma orquestra sem maestro, um cântico sem voz, uma letra dolente nas cordilheiras de uma ILUSÃO sem alento. A sineta do sonho nunca mais tocou naquele coração.

Fanny Costa


13 comentários:

  1. Simplesmente fabuloso. Pura delicia de leitura poética.
    .
    Saudações amigas

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    1. Obrigada, Ryk@rdo pela visita tão simpática.
      Um abraço de amizade

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  2. Olá tudo bem?
    Que belo poema, singelo e de muita emoção.
    Abraços e tenha uma ótima semana

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    1. Muito grata, Anajá!
      Há emoções que nos impelem a escrever...
      Um abraço e uma boa semana

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  3. Fanny

    um prosa poética bem ao teu estilo.
    um pouco nostálgica.
    por vezes é preciso viver o sonho, mesmo que se saiba que é uma ilusão.
    beijinhos
    :)

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    1. Querida, Piedade!
      Já me conheces, sou mesmo assim, nostálgica, introspectiva e as palavras brotam naturalmente.
      Prefiro não viver na (des) ilusão, dói muito. Há sonhos que podem não ser ilusões, mas a ponte que nos liga a um futuro risonho.
      Beijinhos grandes

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  4. Um texto belo, embora deixe adivinhar desencanto.
    A espera e' sempre uma perda e quando se trata de
    ilusão, a mesma tem um lugar fecundo na solidão.
    Um abraço e harmoniosa semana.

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    1. Obrigada, Luís. Realmente nota-se um desencanto, sim... Há palavras que se "casam" e constroem ilusão, solidão...
      Um abraço de luz e uma boa semana polvilhada de lindas poesias.

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  5. Falaram tão bem desta página
    que vim conferir e não é que
    tinham razão!
    Gostei e gostei muito. VOU
    SEGUI-LA.
    Se você gostar da minha, por
    favor, siga-a também.
    Beijos, Fanny. Beijos.

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    1. Muito grata, Silvio. São meros rabisco. Se tiver paciência para ler os textos mais antigos, verá que são de melhor qualidade... Ultimamente a inspiração anda pelas ruas da amargura...
      Beijinhos e irei visitar o seu blogue.

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  6. Quando o sonho já não nos desperta, a vida perde sentido e somos devorados pelo vazio.
    Abraço.
    Juvenal Nunes

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Grata pela sua leitura e o carinho da sua visita.
Volte sempre!