quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Páginas Soltas




Abrem-se as portas do horizonte, há um livro longínquo, encantado cheio de poesia. Continuas imóvel. Há uma (in)quietude desconfortável! Onde estão as tuas asas que te levavam para outros mundos e te extasiavam com cânticos doces de algodão? Queres folhear o livro da tua alma, mas está tão distante. Inventas as palavras que enchem aquelas páginas, sonhas percorrer todas as linhas da tua história, procuras incessantemente o teu amor…mas há um muro invisível que te impede de voar… Há lágrimas obstinadas que se soltam dos teus olhos cansados e escoam no rio das tuas lembranças dolentes.

Permaneces (in)quieta junto à janela do teu coração… há páginas que o vento da Razão desfolhou e as trouxe para junto de ti. Sorris… mas há murmúrios de um som amado que se aparta transportado pelas nuvens astuciosas da Ilusão. Há um silêncio amargo que jaz na tua voz, há palavras refreadas, cheias de dor, desencantadas, ancoradas no marulho do Tempo. Há recatos que devastam as flores de um jardim etéreo que ainda florescia no outono. Há melopeias interrompidas pelos sons do esquecimento. Há sorrisos (des)iludidos, há olhos que se fecham… querem adormecer para SONHAR.

Fanny Costa

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Murmúrio calado




A solidão habitava aquele olhar brando e apagado. Havia um murmúrio tácito que o coração abrigava no inverno do sentir. Os passos estagnavam na soleira da porta ainda cerrada, uma vereda sem saída, um labirinto perene onde a dor aluía em gritos de solidão. Não havia forma de devolver estrelas de sonhos agora extraviados. Não havia forma de resgatar a essência duma vida… percurso inacabado de um destino inanimado, pálido. A melodia solfejava notas de uma orquestra sem maestro, um cântico sem voz, uma letra dolente nas cordilheiras de uma ILUSÃO sem alento. A sineta do sonho nunca mais tocou naquele coração.

Fanny Costa


segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Desassossego

 


Há vazios que se chegam a nós… abraçam-nos insensíveis, oferecem-nos pétalas murchas oriundas de jardins esquecidos, abandonados… fica no ar um perfume melancólico de passado, memórias sombrias que escondem o sol da alma…

Por muito que se cerrem as janelas do coração, o vendaval de lembranças invade a quietude do sentir… revira o baú da alma, defuma no horizonte incensos lânguidos… plangentes… disseminam ventos gélidos onde já havia mansidão… placidez interior…

Hoje eu queria caminhar, voar pela imensidão dos sonhos que começavam a florir, hoje eu ainda queria acreditar nos sorrisos de liberdade e primavera… mas as portas do horizonte permanecem obstruídas e os meus passos continuam inertes na perplexidade amargurada do coração.

Fanny Costa

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Beleza do Caos




Encontrei nos teus olhos as palavras da tua alma, nos teus lábios provei a magia de um silêncio sincero. Há embalos nos corações que nos levam para outros mundos onde a verdade tem asas luminescentes.

Hoje a jarra enfeitou-se de rosas vermelhas, fragrâncias de sonhos resgatados pelas agruras do destino. Do caos nasce a beleza mais pura da vida, tal como a Flor de Lótus que floresce na lama. Há feridas que nos dão a luz almejada.

 O Amor é uma canção que só quem ama pode escutar, é um poema sem palavras que nos encanta com a sonância de rimas puras, cada vez mais belas.

Fanny Costa


quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Delonga


Delonga-te no silêncio dos dias, interpreta os enigmas das noites em que o teu coração amargurado quase submergiu.

No barco frágil da existência, solta as amarras aos nós, enfrenta ainda os vendavais  do teu ser, deles sairás mais forte, há quietudes que sempre entram na embarcação dos sonhos movendo o coração a um porto seguro. 

Delonga-te nos trilhos sinuosos que navegaste, na solidão que enfrentaste com os teus braços exauridos de tanto remar contra a revolta das marés, contra a impetuosidade das palavras. 

Ama o desalento rumoroso do teu percurso, ama as procelas que triunfaste e perde-te (encontra-te) nessa ondulação, com a certeza de seres rio num estuário sereno onde poucos sabem desaguar e tudo compreender. 

Fanny Costa

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Silêncio

Chama-me o silêncio, a voz impercetível do tempo que não passa… O vazio instala-se em mim, espraia-se em marés de amargura, vai e vem que me atormenta em gritos sombrios de desespero. O abismo cresce na minha alma… vertigem do momento que me atordoa num turbilhão crescente. O passado é um poema "desfeito" , um emaranhado de sons magoados que choram, lembranças presas nas rimas que ainda cantam. Deambulo no presente, sem rumo, alma perdida na noite, horizonte sem estrelas, luar foragido que se esvai por entre a solidão dos meus olhos. Perdi o futuro, talvez não esteja preparada para a aurora dos novos tempos. Talvez eu nem exista, talvez eu seja uma miragem do meu pensamento, uma flor espezinhada por uma esperança que agora fenece. 

Fanny Costa

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

À deriva...


Há um instante em que balançamos na vida como um barco à deriva num mar revolto, sem direção. O nosso corpo não existe, é agora um brinquedo abandonado na monotonia de um sonho, na esperança que alguém o segure com umas mãos cheias de ternura. Esperança de uma alma que vislumbra o futuro, um adejar dos sentidos que pernoita no secreto lugar de um sonho esmaecido pela amargura dos dias.

Remanesce o poema que se ergue no silêncio de uma página solitária, versos que se espreguiçam querendo acordar o sentimento entorpecido. Letras cobertas de estrelas devolvem sorrisos, apagam as sombras de uma lembrança, arejam os pensamentos mais obscurecidos e os olhos querem repousar num sonho renascido.

Fanny Costa

domingo, 20 de setembro de 2020

Percebo o Silêncio...



...o murmurar de um devaneio entorpecido que fecha as pálpebras do Amor, da Poesia. Sou cativa da Razão, entrevejo sonhos aluídos!
Não sei interpretar as linhas do poema! Os sentimentos amedrontam-me, invadem as áleas da minha nostalgia alucinando a fantasia que se esvai magoada nas ondulações irrequietas do sentimento.
Não sei entender o refrigério das quimeras. As palavras evadem-se, têm máscaras, estão cansadas de mim. Não sei sentir!
Enclausurei os sentidos. Os meus olhos não veem, não querem compreender... As sombras envolvem o horizonte, névoas de dor, dubiedades aterrorizantes. Uma saudade infinita... no devir do firmamento!
Procuro nos interstícios das brumas alguma luz, prendo as estrelas desatentas no meu coração tão exaurido!
Não quero submergir na letargia da realidade! Quero adormecer nos braços da noite, lembrar-me de mim... e deixar-me ir...ir...!

Fanny Costa


terça-feira, 15 de setembro de 2020

Amores (im)perfeitos

 


Amores perfeitos, só mesmo as flores têm essa designação. O amor é um trilho mágico que se faz de corações enleados, é uma aprendizagem mútua que nos vai lapidando as imperfeições e nos vai acendendo sóis quando as sombras dos dias nos apagam a luz da essência. Na verdade, esta é sempre iluminada, no entanto, há obstáculos /pessoas que se cruzam nas nossas vidas para obscurecerem os nossos passos e, paradoxalmente para ajudarem a percecionar, a alumbrar e a aprimorar ainda mais este sentimento.

Nada acontece por acaso, devemos agradecer as adversidades que nos auxiliaram a compreender ainda mais que o caminho escolhido por duas almas, (sempre) entrelaçadas, foi um acordo divino.

Amar é perdoar, é aceitar as diferenças, é entregar-se por inteiro, é confiar, é transbordar de ternura quando tudo parece desabar.

Amar é abraçar em silêncio quando as palavras são desnecessárias, pois o pulsar de dois corações que se amam têm em si o melhor poema da existência.

Fanny Costa

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Pessoas Sol

Há pessoas que nos abraçam

com um sorriso e aquietam

o alvoroço do coração.

Simplesmente aninham-se

na nossa alma, trazem o Sol

nas mãos e iluminam

resquícios de sombras.

Há pessoas que são flores,

embelezam a nossa vida

e perfumam o nosso Ser

com alegria e amor.

 

Fanny Costa


quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Há silêncio



 Há silêncio...

As palavras nem sempre ousam sair do casulo do coração, mas sentimo-las como se fossem carinhos ausentes. Por vezes há ruelas tão estreitas na mente que as letras se emaranham em labirintos de sentidos e a voz emudece. 

Há silêncio. Mas há sorrisos que falam, há olhares cúmplices que acolhem segredos, há pequenos gestos que revelam sentimentos. 

Há silêncio. Mas a jarra encheu-se de primavera e o perfume das flores passeia no corredor do pensamento. 

Há silêncios que são poemas, vestem-se de memórias, são melodias interiores que entoam saudade e libertam rios de solidão. 

Fanny Costa

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Horizontes

 

Gosto de voar mesmo que as minhas asas estejam impercetíveis, há horizontes etéreos onde a minha alma se aninha querendo o colo das nuvens. 

Não sei a cor das nuvens, sei da imensidão dos meus sonhos que flutuam. Gosto de me deitar na almofada deste oásis e pintar o arco-íris que os meus olhos veem...

Fanny Costa

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Vida

 


Há momentos em que a escrita fecha as portas, enclausura-se na solidão. Os meus olhos caem perplexos na brancura de um papel isento de sílabas, de palavras. Cogito… e os meus olhos inclinam-se por entre as cortinas que esvoaçam pela janela do meu quarto. Espreito timidamente a paisagem e o meu olhar funde-se na beleza que os meus sentidos presenciam… o murmúrio das brisas, o sol que acende o dia e nos promete a luz do céu… as flores que desabrocham nos jardins silenciosos, cheios de melodia, como se o piano da natureza estivesse a tocar nas teclas do coração… há um milagre chamado vida. 

Eu chamo-lhe o POEMA de Deus.

Fanny Costa

domingo, 2 de agosto de 2020

Flor Etérea



Continua a caminhar, menina dos cabelos loiros...
Sorri… tens no coração flores tão amadas, tens um jardim tão perfumado dentro de ti. Sente a sua fragrância, mas não te entristeças se algumas pétalas de saudade se soltarem daquela Flor Etérea tão bela… tão pura e que tanto te AMA! A primavera sempre renasce após as intempéries da alma e as paisagens tornam-se ainda mais  deleitosas.

Entra, novamente, no Éden do teu Crer, desnuda os pés, sente a Terra por onde passeias, deixa que a sua energia bem-aventurada invada todo o teu corpo, deixa o vento brincar com os teus cabelos.... Abraça as árvores que aliviam o peso dos teus dias. Sente a vida, aventura-te nos lábios das manhãs como se elas sorrissem orações do Céu e atreve-te… abre os braços e voa com elas. Observa as nuvens brancas que te dão o leito, o seu alento, descansa as lágrimas desses teus olhos tão esmorecidos e não cesses a demanda do teu Ser.
E quando a noite chegar, não temas a solidão e a sua obscuridade! A Lua tem segredos novos para te contar, e se olhares bem, lá no alto, há uma Estrela em forma de coraçao, tão luzente tatuada no horizonte que te Ama e te embala nas madrugadas inquietas e longas dos teus cansaços.

É tempo de semear sorrisos de esperança, é tempo de prosseguir a jornada com um perfume indelével, tão doce, tão (e)terno que só tu podes sentir e que sempre  te guiará em silêncio nesta tua nova viagem.

Fanny Costa

Pai, eu sei que já estás na Luz Divina! Amo-te!



sexta-feira, 24 de julho de 2020

Medit(c)ação



Silêncio, muito silêncio...somente o murmúrio do mar, o bailado dos galhos das árvores embalado pelas brisas airosas da alvorada, o chilrear magnânimo dos pássaros que (en) cantam...
Silêncio, quero escutar a canção da alma, quero interpretar as vozes que entram no meu espaço sagrado. Abro o coração para sentir, resguardo tudo o que se passa em mim, tudo o que percorre os meus sentidos... como um rio que flui nas veias da essência... Há o que fica, há o que se extingue consoante os desígnios do meu Sentir.
Há pensamentos que ousam entrar neste relicário interior lembranças, ideias, imagens... deixo que elas esvoacem como as nuvens brancas que se apartam lentamente no horizonte. Vêm e vão... mergulho no vácuo quântico e encontro-me de novo com o meu Ser. Flutuo na "escuridão" do meu mundo, vislumbro estrelas coloridas e deixo-me ir nas asas do arco-íris, como uma pena, leve e solta. Uma Luz magnânima se acende, o meu olhar ilumina-se com o esplendor daquela visão enigmática, daquele Portal de Luz que se abre.... Choro compulsivamente ao mesmo tempo que as gargalhadas do coração entoam por aquele espaço interior de silêncio.
Um paradoxo de sentimentos, uma magia que me transporta onde a minha alma quer viajar e onde eu quero ficar. Vou para o Bosque de Asas Brancas, baloiço nos segredos do vento, tudo está misteriosamente mais rutilante... as árvores, as flores, as borboletas, as estrelas, o luar... até as pessoas estão mais resplandecentes, mesmo que ainda não percecionem.
Vou compreendendo a dualidade da vida, a alegria, a tristeza… e os obstáculos... consciente da sua impermanência.
Aceito e deixo-me ir, na certeza que os meus trilhos são os ajustados no movimento etéreo dos meus passos que se movimentam na imobilidade do meu corpo.
Com este silêncio, meditação, equanimidade, a mente vai-se sublimando.
Somos cientistas de nós mesmos, sabedores do invisível, da realidade da nossa natureza genuína, pela nossa própria vivência de solitude, pela nossa nova ConsCiência.
E ao sublimar, não há mais muros que inibam a fluidez do amor.... Extingue-se o nevoeiro do olhar, o coração desata as amarras, voa na alegria, no perdão, na compaixão e as lágrimas que caem são de pura gratidão.

Fanny Costa


terça-feira, 21 de julho de 2020

Solitude



Há um bailado de palavras, na solitude do coração, a dança é apenas uma quimera, o sorriso de uma asa almejando voejar no cântico eloquente das brisas deslumbradas.
Há um sonho acorrentado, o nevoeiro dos dias sem o sol da liberdade...a esperança que ainda entoa nos violinos etéreos da alma...

Fanny Costa

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Tesouro da Alma


Gosto de caminhar, escutar os meus passos a dialogar com a terra, códigos impercetiveis que só a alma entende. 
Gosto da suavidade das brisas que acariciam os meus cabelos desalinhados e do esplendor do Sol que me beija a face desenhando sorrisos nos meus olhos.
Gosto das fragrâncias da Natureza, do burburinho das árvores, que eu abraço sentindo o pulsar da Mãe Gaya. 
Não sei controlar os meus passos, eles levam-me sem destino e eu deixo-me ir, qual bailarina rodopiando feliz, sem medos, sem amarras. 
Sento-me na areia da praia ainda deserta, apaixono-me pelas aves que me saúdam numa dança esvoaçante de gargalhadas. 
Sorrio, sorrio... sem fim! 

Penso no milagre da Vida, da simplicidade grandiosa do Universo, invisível a tantos olhares distraídos e tresmalhados nos trilhos da vida. 
Fecho os olhos, devagar, respiro profundamente a suavidade do horizonte, silencio a mente. Vislumbro agora oásis estelares, um arco-íris infinito e os meus pés são agora asas que me levam em voos coloridos pelo Universo. Há jardins de sonhos, sinto o perfume das flores etéreas e perceciono uma beatitude celestial onde eu entrego, amorosamente, os poemas do meu coração. 
Flutuo na magia das galáxias e descortino que o tempo não tem horas, nem minutos... não há passado nem futuro. 

De regresso compreendo que o tempo é o AGORA e que em todos nós reside uma beleza única, inigualável, um Tesouro Precioso que não é material, mas é o mais próspero e abundante que podemos ter (Ser). 

Fanny Costa 

sábado, 4 de julho de 2020

Demanda



Todos os dias te sonho. Tu que és o Universo e cabes no meu coração, em cada recanto do meu Ser e que respiras nos poros da minha pele.

Por vezes sonho com o Futuro, outras vezes sento-me no baloiço dos meus silêncios e sinto os teus (a) braços etéreos, ternura flutuante que me eleva os sentidos ao teu mundo onde eu gostaria de me aninhar quando o frio me arrefece a Essência, mesmo que lá fora a brisa aqueça a aurora.

Oiço o teu murmúrio na melodia das árvores, vejo o teu sorriso nas flores que os meus olhos agradecem, isto porque tu és a Natureza onde eu gosto de passear e de te sonhar... sou uma simples Fada na demanda do Amor.

Fanny Costa 

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Veredas da Vida






Tanto deambulava pelas veredas da vida, mas havia muros tão altos, barreiras disformes que faziam tropeçar a esperança!

Por vezes, parava e pensava o motivo de tantos obstáculos e tantos desejos adiados. Por que tantas sombras apagavam os seus sonhos cheios de sol que lhe aqueciam a alma e lhe devolviam sorrisos esquecidos?! Qual a razão de tantos caminhos nublados e gélidos, se ela só almejava a paz, o Amor, a serenidade que embalasse o seu Sentir? Ela queria VIVER!

Refugiava-se nos segredos dos livros, enveredava por rios de palavras onde gostava de afagar as suas melancolias e ondulava mais feliz quando os versos inesperados brotavam do seu coração cheios de luz e sentido.

Ela não caminhava sozinha, andava de mão dada com a solidão que lhe murmurava tantos enigmas, tantas questões aclaradas quando se entregava ao silêncio mágico dos seus pensamentos. Descortinava mistérios que desenhavam contornos coloridos no seu destino. Ela sabia que um dia teria o Sol da sua Vida a beijar o seu Coração, a sua Alma… teria de esperar e continuar a sua jornada com os olhos postos no mar, nas flores, no céu e nas estrelas… Esperar, simplesmente esperar!

“Confia!”- dizia-lhe o seu Eu Interior… “Esse dia irá chegar, mas não perguntes quando, porque o Tempo, onde a teu verdadeiro Ser habita,  não existe.”

Fanny Costa 🦋