segunda-feira, 30 de abril de 2018

Harpas do Sonho




Tocam harpas pelo firmamento, noites de saudade, estrelas cintilantes no aconchego da memória. Há um Universo para lá do que os nossos olhos perscrutam. Um mundo onde moram os Sentidos tatuados no corpo, viajantes sagrados da Alma. Cada cântico transmuta-se em beleza e deslumbramento. Nesta ponte da vida por onde deambulamos, abrigamos reminiscências (e)ternas, sonhos abençoados pela união de tantas almas afins e tantos (des)encontros destinados.

Ó Harpa celestial, quantos mistérios e segredos albergam em ti! Quantas dores e receios choram em ti? Quantas poesias inspiraste aos Poetas lunáticos, os alquimistas das palavras?
Sorriem e lacrimejam árias infinitas, melodias peregrinas em demanda da Alma Celestial, protetoras dos que ascendem as escadas do Silêncio.

Harpa dos Sonhos, és a Deusa dos ecos que sussurram os céus em noites de ternura e melancolia.

Fanny Costa

domingo, 29 de abril de 2018

Voo dos sonhos



 Há sonhos a flutuar no Universo do Amor. Há quem os agarre e os resguarde no ninho secreto do seu coração. E há quem os leve para dançar no sorriso dos seus braços vazios, mas plenos de Fé. Há tantos sonhos por crescer, há tantas danças contidas no âmago de Seres lacrimosos, tantas grades invisíveis nos olhos cansados que anseiam a liberdade do voo.
Nunca deixes de sonhar, alma amargurada, crê que o bailado da vida já começou dentro de ti.  Não desperdices a melodia do teu silêncio nem cerres as janelas da esperança. Convida o aroma das flores a entrar nos teus aposentos, deixa que as aves pousem nas tuas mãos e te levem a voejar com eles pelos jardins do (a)mar.

Fanny Costa

sábado, 28 de abril de 2018

Santuário do Silêncio



Sinto-me incompleta, um vácuo existencial onde mergulho em noites sombrias sem estrelas. Penso nas palavras que ficaram por dizer e as que ficaram perdidas no horizonte que os meus olhos já não sabem ler. Entrego os meus passos a um labirinto e sinto frio. Caem pingos de sal pelo meu rosto frágil, perdido e sem brilho. 

Mas há dias que o coração quer fugir, leva-me pela mão do Sonho até ao Santuário do Silêncio. Não rejeito este apelo e vou. Levo o cansaço nos braços, as mágoas estão tatuadas em mim… não sei como despir este infinito desalento.

Sento-me num galho de uma árvore estendido no tapete da floresta e silencio o barulho da mente. Respiro profundamente, sinto a fragrância das flores, mas não as vejo. Quero entender o coração…

Descansa, alma angustiada! O teu triste sentir é um pedaço louco de vento, deixa-o ir…. Liberta-te. Ouves o cântico encantado dos pássaros? Eles corrupiam entrelaçados de beijos e de júbilo… eles voam para te encantar. Sorri. Quanta magia nestes fragmentos de silêncio! Fecha os olhos, sente e tudo verás.  Rejeita os pensamentos, flui como um suave regato na mansuetude da tua solidão. Tu és uma pomba branca que um Anjo enviou do Céu. Sorve o sentimento que brota da nascente do teu Ser…. Há tantas palavras sem voz que tudo aclaram, nem sempre o parecer é o ser que julgas abraçar nos teus dias. Deixa-te estar neste remanso. Esquece o Tempo que é uma utopia. Sê as tuas próprias asas, mesmo ressentidas, mas será o teu voo. Dos teus caminhos germinarão flores e estas vê-las-ás porque elas emanarão do jardim formoso do teu Ser.

Fanny Costa

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Sorriso de Arco-Íris




Afaga-me a pele com as tuas mãos aveludadas de algodão doce, suaviza as feridas da alma que ainda doem baixinho…há gotas que ainda brotam das profundidades e teimam em resvalar por estes olhos cansados que dizes ser o teu (a)mar.
Murmura-me os teus silêncios, confidencia-me os horizontes por onde caminhas na tua solidão. Dá-me o teu coração, a tua alma… não acorrentes os diamantes do teu Ser com cadeados de temor e dúvidas. Liberta o teu Sentir, acalma as marés e os ventos que te (me) fustigam. Observa as gaivotas, elas voam mesmo nas tempestades, refugiam-se no areal por onde passeámos os nossos segredos de outrora e onde voámos jubilosos na poesia mansa das ondas.
Vem, amor... estou tão só…oiço melodias nostálgicas, silentes, sem as letras dos teus versos… vem…  adoça-me os sentidos e deixa-me saborear os morangos dos teus lábios. Deixa que eu seja uma gaivota com as tuas asas, deixa-me voar no recanto do teu Céu que também é meu… juntos pintaremos o sorriso de um arco-íris só nosso!
  
Fanny Costa

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Páginas em branco




Poderia escrever-te versos, construir estrofes de pássaros voejantes…  talvez um poema cheio de mim e com o meu coração rimado com o teu em cada verso, mas a realidade emudeceu o horizonte das palavras ainda entorpecidas. As janelas estão quase fechadas. O Sol velou-se na obscuridade das poesias desconexas e eu já não sei ausentar-me da página em que fiquei inanimada, sem luz, sem saber como voar.
A melodia já não toca na partitura meiga das brisas e os sonhos afundaram-se no vazio da procela orquestrada pela dança imprudente de um arcaico momento.
Poderia escrever-te, mesmo que as tormentas tenham desfolhado as flores apodrecidas de uma memoração revitalizada. Sento-me no banco do rodapé e confio. Se eu pudesse escrever o meu amor por ti, encheria de beijos as páginas em branco do livro que já nem ousas folhear. Gostaria tanto de soltar o barco encalhado da tua alma à deriva neste mar alvoraçado de dubiedades. Talvez o vento extinga as brumas do teu Sentir. Talvez me leves de novo nas tuas asas que querem reaprender a voar na reciprocidade do olhar e no mesmo firmamento.

Fanny Costa

terça-feira, 24 de abril de 2018

Invocação





-Ainda adormecida?!

 Desperta, abre as janelas azuis da tua alma. Vejo tantos sonhos querendo despontar, mas os teus olhos ainda estão fechados. Ouves os pássaros a chilrear canções de primavera? Levanta-te, fada das tranças loiras! Enfeita os teus cabelos com as flores do teu jardim interior, veste o teu vestido branco e passeia com a carícia das brisas matinais. 

A Natureza chama por ti e o sorriso do Sol já está desenhado no horizonte. Há mensagens dos anjos nas cascatas que escorrem pelas montanhas, há segredos nos riachos que atravessam o lago do teu olhar vigilante.


Escuta o silêncio e vislumbra a alegria da Terra, entende os murmúrios de amor que a música das folhas orquestram por onde passas com a delicadeza dos teus passos de algodão. Inspira profundamente, sente o perfume reconfortante das plantas. Interpreta os recados do Universo.

Não caminhas só, fada das tranças loiras, tu és plenitude, não tens apegos que te aprisionem as asas e te impedem de ver a Luz da vida. Tu és um Ser livre, ousa e voa pelo arco-íris onde moram todos os teus sonhos.

Fanny Costa

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Casa da Floresta





Que casa é esta que guarda segredos da floresta? Quem mora neste recanto verdejante cheio de mistério? Há nele graciosidade, puro encantamento!  Quem por ele passa sente uma brisa confortante. Há formosura nas janelas pintadas de alegria, sorrisos nas flores que se espreguiçam nas mágicas auroras. Há enigmas escondidos nestas veredas viçosas. Poucas são as almas que a casa albergou, muitos caminhantes nela ousaram entrar, mas a porta era feita de Sol e a sua luminosidade ofuscava os olhares indiscretos.

Ao anoitecer, a casa vestia um cobertor de brumas brancas, excelsa candura que só alguns Seres conseguiam vislumbrar. A Lua abria a porta e as janelas permaneciam descerradas deixando somente entrar os poetas com o coração cheio de estrelas e de sonhos. Eram as fadas da floresta que moravam naquele lugar fascinante. Os Sentidos da Alma emanavam pela casa e as fadas deleitadas murmuravam versos de amor aos magos das palavras. Germinavam poemas nas melodias entoadas pelos violinos daqueles Seres deslumbrantes e o cântico das estrofes na voz dos rouxinóis esvoaçavam naquela floresta maravilhada e harmoniosa.

Quando amanhecia, a porta de Sol continuava cerrada e não se via ninguém naquele lugar misterioso, ouvia-se o silêncio e as gargalhadas das flores quando eram beijadas pelas borboletas divertidas que por lá moravam.

Fanny Costa

domingo, 22 de abril de 2018

A tua flor




Procuras o teu Ser, envolves-te na Natureza, confidencias às borboletas o teu sonho de voar. Há uma Flor ancestral onde queres pousar o teu coração, uma fragrância especial que te complete a Alma, mas os jardins percorridos revelam a ausência do teu querer. A delonga faz de ti um transeunte sem destino submerso na escuridão do esmorecimento, transpondo fronteiras. A vida não te questiona, não te condena, pede que a vivas sem pensar. O pensamento anula os sentidos do teu Eu. Mergulha no teu âmago, escuta o silêncio do teu coração. Entende os sinais dos teus passos (in)certos, percebe os códigos celestiais, nessa jornada interior. E se lacrimejares nessa demanda, recebe essas gotas que emanam dos soluços da tua Alma. Saboreia todos os sentidos, descodifica os trilhos da tua busca incessante. Jamais findes a tua caminhada, observa aquele cantinho que nunca procuraste porque deixaste falar a Razão. Talvez a Flor da tua Alma já esteja a vicejar no teu jardim, radiante e perfumada, no meio de tantas outras flores e sem o perfume do teu Sentir.  Talvez a tua Flor já te tenha sorrido e não tenhas percebido. Já é tempo de voares com as borboletas.

Fanny Costa

Flor triste



Era uma vez uma Flor triste, sem perfume, lírios desencantados e orquídeas murchas no jardim dos sentidos. Ausência de aves. Só a música do silêncio atroante e a dança amarga da solidão, passos desconcertados e atordoados. As brisas enclaustradas choram a ausência de carícias nas pétalas daquela Flor abandonada e triste. As borboletas perderam o seu rumo, voam num labirinto sombrio e não veem a saída das auroras e dos sorrisos das amadas boninas. Pobre jardim onde as lágrimas do céu borrifam a angústia daqueles seres desbotados pelas intempéries do Tempo.
Pobre Flor… tantas palavras bonitas para lhe murmurar, tantos poemas camuflados… tantas quimeras suspensas na letargia dos dias.
Fecharam-se os portões daquele vergel cansado. Árduo viver… a Flor deixara de sonhar!

Fanny Costa

Cor do Silêncio






De que cor é o teu silêncio? Onde habita a música do teu coração?

Saberás a resposta? Terás decifrado a letra da tua alma? Talvez ainda permaneças perdido no deserto da tua (e)terna demanda. Talvez os teus passos estejam estagnados numa encruzilhada e não saibas por onde caminhar. Mas insiste, não renuncies aos teus desígnios.

Senta-te no monte mais alto do teu silêncio e não queiras tudo deslindar. O Tempo é um infinito por onde os nossos olhos se abrem em meditações. Mergulha todos os sentidos na Catedral das Quimeras e como uma oração eleva as tuas mãos, toca o Céu do teu Sonho. Escutas o violino da tua deusa? Cala o ruído dentro do teu peito e percebe os acordes que voam nas brisas que tocam o teu sorriso. Sentes os seus afagos? Estremeceste?

Dizes que não… é tudo uma ilusão e vives no tormento dos malogrados poetas. Esse sonho é afinal um equívoco, como tantos outros. Todo o poeta carece de melancolia para construir castelos de versos e rimas. Vive encurralado num sentimento inóspito, mas fulgurante nas páginas dos seus sentidos.

Não procures mais, Poeta! Senta-te no horizonte e faz da procura uma tranquilidade profunda. Todos os silêncios são as palavras que não podem ser murmuradas, são trilhos mágicos onde os Anjos nos abraçam com o Sol das suas asas e nos embalam no calor do seu Amor.

Neste momento nasceu o mais belo poema que tu, Poeta, não escreveste, porque ele é feito de um primoroso silêncio.

De que cor é o teu silêncio? Já sabes?

Fanny Costa

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Murmúrio de Saudade





Todos os dias, ela pedalava lentamente por aquele jardim vestido de sorrisos. Deslumbrava-a todas aquelas aguarelas reais, todos aquelas fragrâncias celestiais e a melodia das árvores que aninhavam, nos seus braços, os pássaros da sua alma.

O som da cascata, que escorregava por entre aquela vegetação cheia de encanto, sobressaía naquele silêncio harmonioso de sentidos. Um doce murmúrio de saudade, uma solidão prazenteira irradiava por toda aquela paisagem povoada pelos seus sonhos.

Uma ligeira brisa afagava as suas lembranças de futuro, o seu paraíso secreto! Havia danças no horizonte que só ela vislumbrava, poemas tatuados nas árvores que só ela lia.
Hoje, aquela mulher ausentou-se. Hoje os pássaros não saíram dos ninhos, o silêncio daquele lugar era agora um ruído ensurdecedor de solidão cheia de sombras.

Porque trazes pássaros feridos no teu olhar? Como desaguou a tristeza pelo teu peito? Porque não regressas? Quem te cortou as asas do teu bem-querer? Não desistas, os muros da ausência serão desmoronados! Vem, mesmo descalça, sente o sussurro da terra e traz o livro da tua esperança. Quando chegares, senta-te à beira dos teus sonhos e folheia as páginas do teu presente. Interpreta atentamente as linhas do teu viver… e se quiseres, salta páginas, espreita as letras ainda proibidas, talvez possas iluminar o teu coração e este volte a sorrir.

Fanny Costa

Alquimia da Poesia




Há no coração do bosque uma fada encantada, não se sabe de onde vem, traz na voz palavras luminosas vindas de não sei de onde. Nas mãos uma rosa perfumada de memórias. Nunca ninguém tinha visto aquele Ser enigmático que deambulava com passos de algodão, as flores sorriam quando ela passava e as suas asas adejavam pelas estrofes de poemas que suspiravam afeto e atenção… os Poetas alucinados tudo vislumbram nas suas mentes, sonham, vivem na ilusão. Há voos frágeis que esperam chegar às estrofes das suas almas, há rimas que anseiam abraçar os sons dos seus corações. Chamam-nos de loucos, lunáticos… Seres estranhos aqueles poetas que se sentam nas nuvens e tudo observam… interpretam.
Serão simples utopias? Eles alimentam-se de quimeras, são alquimistas que transvertem a realidade obscura no mais belo sonho que a poesia desobscurece.

Fanny Costa