sábado, 28 de abril de 2018

Santuário do Silêncio



Sinto-me incompleta, um vácuo existencial onde mergulho em noites sombrias sem estrelas. Penso nas palavras que ficaram por dizer e as que ficaram perdidas no horizonte que os meus olhos já não sabem ler. Entrego os meus passos a um labirinto e sinto frio. Caem pingos de sal pelo meu rosto frágil, perdido e sem brilho. 

Mas há dias que o coração quer fugir, leva-me pela mão do Sonho até ao Santuário do Silêncio. Não rejeito este apelo e vou. Levo o cansaço nos braços, as mágoas estão tatuadas em mim… não sei como despir este infinito desalento.

Sento-me num galho de uma árvore estendido no tapete da floresta e silencio o barulho da mente. Respiro profundamente, sinto a fragrância das flores, mas não as vejo. Quero entender o coração…

Descansa, alma angustiada! O teu triste sentir é um pedaço louco de vento, deixa-o ir…. Liberta-te. Ouves o cântico encantado dos pássaros? Eles corrupiam entrelaçados de beijos e de júbilo… eles voam para te encantar. Sorri. Quanta magia nestes fragmentos de silêncio! Fecha os olhos, sente e tudo verás.  Rejeita os pensamentos, flui como um suave regato na mansuetude da tua solidão. Tu és uma pomba branca que um Anjo enviou do Céu. Sorve o sentimento que brota da nascente do teu Ser…. Há tantas palavras sem voz que tudo aclaram, nem sempre o parecer é o ser que julgas abraçar nos teus dias. Deixa-te estar neste remanso. Esquece o Tempo que é uma utopia. Sê as tuas próprias asas, mesmo ressentidas, mas será o teu voo. Dos teus caminhos germinarão flores e estas vê-las-ás porque elas emanarão do jardim formoso do teu Ser.

Fanny Costa

10 comentários:

JC disse...

Sentir, o que seja, é um bom prenúncio. Significa antes de mais, que somos sensíveis e estamos atentos, ainda que isso nos provoque inquietude que nos deprime e consome. Mas poeta que é poeta tem alma inquieta, porque vê com os olhos da alma o que outros com os olhos do rosto apenas podem sonhar vislumbrar.

Elvira Carvalho disse...

Gostei de ler. Um texto bonito, um sentir cheio de nostalgia e poesia. E gostei de a encontrar aqui. Levo o link.
Um abraço e bom domingo

© Fanny Costa disse...

Sentir, exteriorizar é já uma boa forma de atenuar o cansaço da alma. É no silêncio que vamos buscar a luz que precisamos, mas o silêncio e a quietude são tão difíceis de encontrar! Restam-nos as palavras para nos aliviar este desgaste interior...bem como as melodias que a alma tanto aprecia.

Grata pela tua visita, João!

Beijinhos

© Fanny Costa disse...

Querida, Elvira. Obrigada pela sua visita ao meu cantinho onde os sentidos vão ganhando várias tonalidades interiores.

Beijinhos

Fanny Costa

Cidália Ferreira disse...

Boa noite!

Bonito e interessante blogue! Uma prosa poética cheia se sentimento. Amei ler. Vou voltar!!

Especial:- Ciúme das Pétalas... {POETIZANDO...}
.
Beijinhos e um bom fim de semana

Julia Tigeleiro disse...

Gosto tanto de a ler. Adoro regressar a este santuário.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Um texto cheio de nostalgia mas sempre com a cor da esperança.
Muito belo!
beijinhos
:)

© Fanny Costa disse...

Querida Cidália também vou passar a seguir o seu lindo blogue. Um beijinho*

© Fanny Costa disse...

Muito grata, Júlia. Sinto que é uma pessoa sensivel e isso deixa-me feliz. Beijinho*

© Fanny Costa disse...

Querida Piedade, já nos "conhecemos" há muitos anos e é bom retomar estes laços de palavras que nos unem. Beijinho*