sábado, 20 de junho de 2020

Transmutação




Cansou-se

Já não havia tempo de se deter em cogitações e analisar as atitudes incongruentes que a rodeavam… Olhava agora para dentro de si mesma, excluía os vendavais de críticas e o negativismo que lhe ofereciam todos os dias. Fechou os olhos e observou que o que vem de fora são pequenas lições que lhe mostravam o verdadeiro caminho a seguir. Mesmo que não desejasse, teria de conviver com a frivolidade. O real torturava-a, por isso procurava o alento dentro de si própria. Já há muito tempo que se fechava na alegria que descobria na sua solidão. Observava com atenção, demorava-se nos caminhos silenciosos da sua alma e encontrava relíquias encantadas.

Não, não fugiu… nem quis esquecer. Não podia! Impossível abandonar o que se vê todos os dias, a todo o momento! Escapou-se para um mundo só dela, fechou os ouvidos, calou a voz… libertou o coração, já extenuado de tantas opressões e desvarios. Aprendeu que o tempo é demasiado curto para se perder.

Descansa agora na magia do seu sonho, da sua luz… tira as máscaras e sorri. Inventa cores, aromas… colhe flores do seu jardim e desenha-as no seu vestido rodado de seda. Corre…
d a n ç a… V O A … Voluteia como fada num reino encantado de poesia e amor...

Fanny Costa


4 comentários:

José Carlos Lopes disse...

Que o cansaço se transmute como uma gota liberta das torrentes, que delicadamente se aninha no perfume das pétalas, e ali deseja a grandiosidade das nuvens, e então voltar como tempestade contra incongruentes labirintos, para então, calmaria, repousar em mágica corrente de sonhos.

Graça Pires disse...

O tempo é demasiado curto para se perder... É tudo tão breve, tão frágil... Refugiar-se no sonho é talvez uma solução. Até que o tempo desta angústia passe... Muito bom o seu texto.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.

© Fanny Costa disse...

Muita gratidão, José Carlos, pelas tuas palavras que também são pura poesia!

© Fanny Costa disse...

Muita gratidão, Graça Pires.

De facto a vida é muito curta para se desperdiçar. Quando estamos impedidos de a "viver", surgem os sonhos que, muitas vezes, nos devolvem os sorrisos apagados.
Beijinho