quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Diálogo Interior

 


“Há feridas que trespassam o meu sentir, as asas que sustinham o meu voo voaram noutra direção. Há ausência de afeição, caminhos trilhados na solidão, abraços perdidos em algum canto esquecido. Não há melodia. O som pereceu. Há agora o silêncio que me rasga o ser em pedaços de bruma. Há uma face despida de sorrisos, olhos apagados sem paisagem, sem sentidos, ilusões vãs, insensíveis”.

Dizes que já não sabes sentir? O teu sorriso já não é uma estrela? Sentes-te abandonada? Não! O teu castelo não é uma ilha, é um templo de sentidos que tens de reconstruir com os desígnios do teu coração. O tempo avança, não se queda. LEVANTA-TE e CAMINHA. Dá a mão ao tempo. Há um presente por desvendar. Dele depende o porvir da tua legação existencial. Não sucumbas às trevas da dor. Há sorrisos a colher nos bosques de asas brancas. As cítaras das fadas tocam na outra margem do teu pensamento. Não escondas os teus olhos, liberta-os. Não guardes a memória da melancolia. Tu és brilho, não vistas de negro a tua essência. Tu és Amor.

Vem… Princesa das Estrelas! Dá-me a tua mão… leva as minhas asas, vai ao Bosque Encantado dos Anjos… Há uma estrela que te espera num jardim que também é teu!

Fanny Costa


There’s a wise, wise woman
Down the path to the sea
She’s been whispering 
Whispering stories to me
I think she knew the earth was moving 
Right under me
And it was time for the moon to rise in me
Oh it was time for the moon to rise in me

She told me,
Take your boat to where the waters meet
Wait and see where the currents lead 
All it takes is a little trust in the wind
If you find yourself lost and afraid
Don’t lose hope 
Don’t hesitate
Look to the sky 
and the stars will lead you home again

Did you feel your sweetness 
drying up in the sun
Did you feel your skin growing harder 
in the night 
Did you feel the power of the waves
As they rocked and guided you 
Oh don’t worry 
She never comes too soon
Oh don’t worry
She never comes too soon
When the moon 
She rises in you

She told me,
The sky has stories
The stones have songs
It all will speak 
Even this cold hard ground
All it takes is a little listening
If you let yourself be moved and be swayed
By a vision felt but beyond your gaze
Let go and the current will lead you home

Oh don’t worry
She never comes too soon 
When the moon
She rises in you


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O Livro da Floresta

 


A floresta era um livro ancestral e sábio que se estendia pela montanha das palavras. Desenhavam-se arbustos elegantes no chão, bailados de flores, metáforas de amor que enlevavam o horizonte. Ouvia-se o murmúrio das brisas aprazíveis, as trovas dos pássaros que eram versos embelezados de sol. Os raios das árvores embalavam a alma daquela mulher que sorria por aqueles trilhos encantados misteriosos, que corria alegremente nos parágrafos do amor...

Mas os seus passos estagnaram na página onde as brumas subitamente se adensaram... Os seus olhos mansos de mar já não conseguiam passear nas palavras melódicas do seu coração. Eram agora letras deformadas, embaçadas, sem sentido... Fechou delicadamente os olhos, já não sabia ler, interpretar. Soltou os seus longos cabelos tristes que baloiçavam naquela aragem húmida e fresca. Ousou mover-se nas reticências daquelas linhas desordenadas, mesmo sem saber por onde ia... Galgou os pontos de interrogação, de exclamação e foi... 

E daquele livro, as páginas não voltaram a ser folheadas, uma história incompleta, uma narrativa em aberto, uma página turva e indefinida. As aves nunca mais beberam o sol, nunca mais cantaram nas rimas daquelas árvores. 

Fanny Costa


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Uma reflexão apenas…

 


 

Apesar de existirem pessoas que observam, com um olhar ímpio, o trilho por onde deambulam os nossos passos da alma, o que trazemos interiormente é o que verdadeiramente faz sentido. Quem possui dentro de si paisagens invisíveis de Encantamento e Luz… é chamado de  demente, esquizofrénico… de alguém que vive no mundo da fantasia, que tem visões, alucinações?! Pura ilusão, dizem com convicção! Mas são estes “loucos, estes alienados” que permitem que a Esperança, o Sorriso Interior, a Fé... germinem em tantos corações esmorecidos, ávidos de alento e se aventurem a vivenciar, sentir a Poesia deslumbrante da Vida.

Não se domesticam os sonhadores,  estes "lunáticos" nem se colocam neles um açaimo, é impossível silenciar a voz destes seres especiais, sensíveis, destes poetas que escutam os murmúrios silentes de um mundo mágico, enigmático que nem todos têm a aptidão de compreender e apreciar.

Sonhadores, Poetas, Trovadores, Trabalhadores da Luz… prossigamos a nossa jornada, desviemos pacientemente os pedregulhos que nos impedem de caminhar, alumiemos as sendas da nossa Missão, não consintamos que nos obscureçam a essência com “exatidões” científicas. O que realmente importa é o que SOMOS e não o que outros seres menos evoluídos cogitam sobre nós.

Fanny Costa



terça-feira, 20 de outubro de 2020

Saber Ver

 



“São os olhos, exatamente os olhos, que eu mais ouço. A vida tem-me ensinado, ao longo da jornada, que as palavras muitas vezes mentem. Os olhos, geralmente, não desmentem o que diz o coração.”

(Ana Jácomo)


A melhor forma de conhecermos alguém é observar os gestos, os sorrisos, os olhares…  é saber ouvir, decifrar as entrelinhas do discurso, é saber ver / sentir / intuir com a inteligência do coração... e a sabedoria que vai brotando subtilmente da nossa alma.

Fanny Costa



quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Páginas Soltas




Abrem-se as portas do horizonte, há um livro longínquo, encantado cheio de poesia. Continuas imóvel. Há uma (in)quietude desconfortável! Onde estão as tuas asas que te levavam para outros mundos e te extasiavam com cânticos doces de algodão? Queres folhear o livro da tua alma, mas está tão distante. Inventas as palavras que enchem aquelas páginas, sonhas percorrer todas as linhas da tua história, procuras incessantemente o teu amor…mas há um muro invisível que te impede de voar… Há lágrimas obstinadas que se soltam dos teus olhos cansados e escoam no rio das tuas lembranças dolentes.

Permaneces (in)quieta junto à janela do teu coração… há páginas que o vento da Razão desfolhou e as trouxe para junto de ti. Sorris… mas há murmúrios de um som amado que se aparta transportado pelas nuvens astuciosas da Ilusão. Há um silêncio amargo que jaz na tua voz, há palavras refreadas, cheias de dor, desencantadas, ancoradas no marulho do Tempo. Há recatos que devastam as flores de um jardim etéreo que ainda florescia no outono. Há melopeias interrompidas pelos sons do esquecimento. Há sorrisos (des)iludidos, há olhos que se fecham… querem adormecer para SONHAR.

Fanny Costa

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Murmúrio calado




A solidão habitava aquele olhar brando e apagado. Havia um murmúrio tácito que o coração abrigava no inverno do sentir. Os passos estagnavam na soleira da porta ainda cerrada, uma vereda sem saída, um labirinto perene onde a dor aluía em gritos de solidão. Não havia forma de devolver estrelas de sonhos agora extraviados. Não havia forma de resgatar a essência duma vida… percurso inacabado de um destino inanimado, pálido. A melodia solfejava notas de uma orquestra sem maestro, um cântico sem voz, uma letra dolente nas cordilheiras de uma ILUSÃO sem alento. A sineta do sonho nunca mais tocou naquele coração.

Fanny Costa


segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Desassossego

 


Há vazios que se chegam a nós… abraçam-nos insensíveis, oferecem-nos pétalas murchas oriundas de jardins esquecidos, abandonados… fica no ar um perfume melancólico de passado, memórias sombrias que escondem o sol da alma…

Por muito que se cerrem as janelas do coração, o vendaval de lembranças invade a quietude do sentir… revira o baú da alma, defuma no horizonte incensos lânguidos… plangentes… disseminam ventos gélidos onde já havia mansidão… placidez interior…

Hoje eu queria caminhar, voar pela imensidão dos sonhos que começavam a florir, hoje eu ainda queria acreditar nos sorrisos de liberdade e primavera… mas as portas do horizonte permanecem obstruídas e os meus passos continuam inertes na perplexidade amargurada do coração.

Fanny Costa

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Beleza do Caos




Encontrei nos teus olhos as palavras da tua alma, nos teus lábios provei a magia de um silêncio sincero. Há embalos nos corações que nos levam para outros mundos onde a verdade tem asas luminescentes.

Hoje a jarra enfeitou-se de rosas vermelhas, fragrâncias de sonhos resgatados pelas agruras do destino. Do caos nasce a beleza mais pura da vida, tal como a Flor de Lótus que floresce na lama. Há feridas que nos dão a luz almejada.

 O Amor é uma canção que só quem ama pode escutar, é um poema sem palavras que nos encanta com a sonância de rimas puras, cada vez mais belas.

Fanny Costa


quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Delonga


Delonga-te no silêncio dos dias, interpreta os enigmas das noites em que o teu coração amargurado quase submergiu.

No barco frágil da existência, solta as amarras aos nós, enfrenta ainda os vendavais  do teu ser, deles sairás mais forte, há quietudes que sempre entram na embarcação dos sonhos movendo o coração a um porto seguro. 

Delonga-te nos trilhos sinuosos que navegaste, na solidão que enfrentaste com os teus braços exauridos de tanto remar contra a revolta das marés, contra a impetuosidade das palavras. 

Ama o desalento rumoroso do teu percurso, ama as procelas que triunfaste e perde-te (encontra-te) nessa ondulação, com a certeza de seres rio num estuário sereno onde poucos sabem desaguar e tudo compreender. 

Fanny Costa