segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Cansaço da Alma

Sete anos de tempestade, sete anos a remar contracorrentes invisíveis que me sugavam a força e o ânimo. Fiz do amor uma âncora, mas mesmo ela parecia enferrujar sob o peso das mágoas acumuladas. Depois, como se a vida não tivesse já provado o quanto pode ser implacável, chegou a provação. Um golpe seco, profundo, que me forçou a olhar para dentro, a confrontar os meus medos, a medir o "amor" que havia ao meu lado.

Nos silêncios da luta, sonhei com a paz. Sonhei com o dia em que o meu corpo, esgotado, mas vitorioso, repousaria num lar onde o amor fosse bálsamo e não ferida. Reconstruí pedaços de mim, como quem cola fragmentos de porcelana quebrada, acreditando que a luz ainda pudesse atravessar as ranhuras. Mas agora, quando as cicatrizes mal começaram a fechar, ela volta. A sombra do passado, o fantasma de uma presença que nunca deixou de assombrar.

Tremo. Tremo porque sei que lutei demais… e o meu coração já não aguenta mais guerras! A minha alma grita por descanso, por uma serenidade que nunca parece durar. Desisto, não porque não ame, mas porque o amor, sozinho, já não basta para erguer pontes sobre abismos tão profundos.

Entrego-me ao cansaço, ao reconhecimento de que há batalhas que não me pertencem mais. Não quero mais adiar a vida, não quero mais ser refém de promessas adiadas ou de esperanças que se desfazem ao menor sopro de realidade.

Hoje, deixo cair as armas. Hoje, escolho viver, mesmo que isso signifique caminhar sozinha.



1 comentário:

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de 2024, querida amiga Estrela!
Um desabafo muito pertinente no fim de um ano ou de um ciclo...
Há lutas que não nos pertencem mais. Lutar sozinha não ganha a luta.
Tenha uma Virada abençoada!
Beijinhos festivos