Poderia escrever-te versos, construir estrofes de pássaros
voejantes… talvez um poema cheio de mim
e com o meu coração rimado com o teu em cada verso, mas a realidade emudeceu o
horizonte das palavras ainda entorpecidas. As janelas estão quase fechadas. O Sol
velou-se na obscuridade das poesias desconexas e eu já não sei ausentar-me da
página em que fiquei inanimada, sem luz, sem saber como voar.
A melodia já não toca na partitura meiga das brisas e os
sonhos afundaram-se no vazio da procela orquestrada pela dança imprudente de um
arcaico momento.
Poderia escrever-te, mesmo que as tormentas tenham
desfolhado as flores apodrecidas de uma memoração revitalizada. Sento-me no
banco do rodapé e confio. Se eu pudesse escrever o meu amor por ti, encheria de
beijos as páginas em branco do livro que já nem ousas folhear. Gostaria tanto
de soltar o barco encalhado da tua alma à deriva neste mar alvoraçado de
dubiedades. Talvez o vento extinga as brumas do teu Sentir. Talvez me leves de
novo nas tuas asas que querem reaprender a voar na reciprocidade do olhar e no
mesmo firmamento.
Fanny Costa
5 comentários:
Continuas a escrever muito bem com alma e sentimento.
Uma prosa poética muito bela e que gostei de ler.
Bom feriado e continuação de uma semana muito feliz.
Beijinhos
:)
Muito grata, Piedade! Já visitei de novo o teu blogue e continua um encanto. Já nem falo das fotos que também são poemas deslumbrantes! Beijinhos e bom fim de semana.
Lindo...
Querida Piedade, tu também escreves muito bem e as tuas fotos são poemas desenhados no nosso olhar.
Beijinho*
Fanny Costa
A escrita é um exorcismo, uma forma de factualizar o sonho, de assustar o escuro e esperar que tudo aquilo que dizemos às palavras seja uma espécie de frase mágica que faça acontecer. Comigo acontece-me dizer por escrito e sentir na pele o arrepio... Magnifico como sempre que sentes com as letras.
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