Há melodias e imagens que nos inspiram. Enchem-nos a alma no nosso recolhimento... as palavras começam a voar e a encontrar novos sentidos. Pura alquimia das letras que nos desenha sorrisos no coração e que gostamos de partilhar.
Há um livro no coração, poesias de
uma vida, estrofes de emoções, rimas belas... gargalhadas de Sol. Tantas
páginas vestidas de lembranças, tantos versos soletrados pela brisa dos sentidos. Hoje, o livro perdeu as folhas, quais folhas esvoaçantes de Outono que
tombam dos ramos cansados das árvores. Que recordações feneceram, de que
primaveras foram escritas? Que cânticos de amor entoaram no florescer de tantas
páginas perfumadas? Que estrelas as iluminaram? Que frio as despiu e as
esqueceu na sombra do vento?Ao folhear o livro da memória, há uma ave que ainda esvoaça nas paisagens de um poema, rimas soltas de amar que pulsam nas artérias de duas flores entrelaçadas.
Permaneço na solitude dos dias, embrulhada nos cobertores dos meus pensamentos. Chove lá fora, sinto o conforto dos sonhos que têm o teu nome. Está tanto vento, as árvores tremem de frio. Habituei-me a esta solidão, a esta (in) quietude, a este vazio cheio de ti, sem palavras. Refugio-me nas memórias, rebusco versos perdidos no baú do coração. Sorrio. Olho o horizonte, há lágrimas que escorrem pelas vidraças... Há palavras que se escondem nas páginas de um livro fechado, ainda por ler.
Onde estão os versos da tua alma, a música da tua voz a declamar o poema do meu Ser? Procuro-te!
Há uma nostalgia em mim, uma flor tímida oculta no tapete do Outono. Dobram-se os ramos, uma inquietação atenta, uma recordação do frio pelas janelas da alma. Os pássaros não abandonam o céu, mas há um adejar inquieto, trémulo, um olhar furtivo.
Fecho as cortinas, os meus olhos já não têm as estrelas que emolduravam o retrato da noite. A Lua também não veio, hoje! E a flor oculta?
Observo os teus olhos fechados. O silêncio é uma melodia que te embala. O meu olhar é uma brisa que te beija. Puro deleite para a minha alma que se aconchega à tua.
Esvazia os pensamentos, apaga o cansaço, amor.
As palavras adormeceram. Habita-nos a delicadeza da floresta, o murmúrio doce das bétulas, a voz dos pássaros que acordam os nossos sentidos. Abres os olhos e o teu sorriso é uma canção que adentra no meu coração. Apaga a luz da realidade, fecha a porta das mágoas. Vive, sente apenas este momento abençoado de Amor. Abraça-me, mesmo na escuridão. A luz dos teus suspiros incendeiam a noite. Tu és o farol que me guia.
Dá-me a tua mão, entremos no Barco do Sonho. Rema devagar, observa o fluir das águas. O Amor é assim. Um rio que corre, contorna obstáculos e segue o seu percurso. Contemplo agora os teus olhos abertos e vislumbro um poema sem palavras. Uma ternura que me enternece e me faz voar no Universo dos teus sonhos que também são os meus.
Não cesses de caminhar, não
estaciones a vida em labirintos sombrios que não te elevam. Caminha na tua
solitude, no silêncio do teu coração e não te distraias com quem não te sente.
Aprofunda a tua verdade, a certeza que tu és única, especial e que não precisas
de quem te complete. Tu és a completude, tens o Universo dentro de ti. Não
temas as sombras porque o Sol habita em ti. Arreda as neblinas dos trilhos
passados e respira. Transmuta-te e sê a tua própria Luz. Não mendigues amor,
abraços, sorrisos... Tu és a tua própria Alegria. Sê a Paz. Busca a verdade em
ti, mesmo que as inquietações perturbem os teus momentos de plenitude. Não
bloqueies o Jardim Encantado que te espera. Deixa para trás as máscaras, limpa
as ervas daninhas. Tudo passa, tudo está certo. Quando te sentires desamparada,
senta-te, silencia, escuta a melodia do Universo. Percebe a mensagem que ele te
sussurra, deixa que ela seja a bússola do teu Ser. Floresce e sê a Flor mais
bela do teu Jardim.
Amor, vem… entrelacemos as mãos,
deixemos que os nossos corações toquem as harpas dos sonhos entorpecidos.
Caminharemos juntos nas estrofes do poema que nos levarão ao infinito só nosso,
intrínseco e silente. Nas manhãs deste outono, os nossos passos serão plumas nos bosques de asas
brancas, em busca de melhores momentos que nos embalem
a essência no baloiço dos dias que se avizinham mais frios.
Vem, aninha-te no meu colo, a
lareira do sonho já crepita e os sorrisos já estão confortados. Sentes o calor
da vida? Escutas a melodia dos pássaros que solenizam estes instantes de
ternura? Vem, só assim poderemos voar na mesma asa, no calor robustecido do
nosso amor.
Vem, traz contigo o poema do teu
olhar, deixa-me repousar na sua suavidade e, se desejares, mergulha no lago dos
meus, encontrar-nos-emos no verso mais lindo… sem palavras, sem pontuação,
somente a rima da alegria, desta conexão encantada de almas. É tão bom sentir a
luz dos teus abraços nos meus, perceber a linguagem dos nossos silêncios, a
magia destes momentos (e)ternos em nós.
Há tesouros escondidos dentro de
nós, há uma sabedoria infinita por descobrir. No silêncio da nossa essência,
vislumbramos diamantes de luz preciosos abraços invisíveis que nos fazem sorrir
por dentro e para a vida.
“Há feridas que trespassam o
meu sentir, as asas que sustinham o meu voo voaram noutra direção. Há ausência
de afeição, caminhos trilhados na solidão, abraços perdidos em algum canto
esquecido. Não há melodia. O som pereceu. Há agora o silêncio que me rasga o
ser em pedaços de bruma. Há uma face despida de sorrisos, olhos apagados sem
paisagem, sem sentidos, ilusões vãs, insensíveis”.
Dizes que já não sabes sentir? O
teu sorriso já não é uma estrela? Sentes-te abandonada? Não! O teu castelo não
é uma ilha, é um templo de sentidos que tens de reconstruir com os desígnios do
teu coração. O tempo avança, não se queda. LEVANTA-TE e CAMINHA. Dá a mão ao
tempo. Há um presente por desvendar. Dele depende o porvir da tua legação
existencial. Não sucumbas às trevas da dor. Há sorrisos a colher nos bosques de
asas brancas. As cítaras das fadas tocam na outra margem do teu pensamento. Não
escondas os teus olhos, liberta-os. Não guardes a memória da melancolia. Tu és
brilho, não vistas de negro a tua essência. Tu és Amor.
Vem… Princesa das Estrelas! Dá-me
a tua mão… leva as minhas asas, vai ao Bosque Encantado dos Anjos… Há uma
estrela que te espera num jardim que também é teu!
A floresta era um livro ancestral
e sábio que se estendia pela montanha das palavras. Desenhavam-se
arbustos elegantes no chão, bailados de flores, metáforas de amor que enlevavam
o horizonte. Ouvia-se o murmúrio das brisas aprazíveis, as trovas dos
pássaros que eram versos embelezados de sol. Os raios das árvores embalavam a
alma daquela mulher que sorria por aqueles trilhos encantados misteriosos,
que corria alegremente nos parágrafos do amor...
Mas os seus passos estagnaram na
página onde as brumas subitamente se adensaram... Os seus olhos mansos de
mar já não conseguiam passear nas palavras melódicas do seu coração.
Eram agora letras deformadas, embaçadas, sem sentido... Fechou delicadamente
os olhos, já não sabia ler, interpretar. Soltou os seus longos cabelos
tristes que baloiçavam naquela aragem húmida e fresca. Ousou mover-se nas
reticências daquelas linhas desordenadas, mesmo sem saber por onde ia...
Galgou os pontos de interrogação, de exclamação e foi...
E daquele livro, as páginas não
voltaram a ser folheadas, uma história incompleta, uma narrativa em
aberto, uma página turva e indefinida. As aves nunca mais beberam o
sol, nunca mais cantaram nas rimas daquelas árvores.
Apesar de existirem pessoas que
observam, com um olhar ímpio, o trilho por onde deambulam os nossos passos da
alma, o que trazemos interiormente é o que verdadeiramente faz sentido. Quem
possui dentro de si paisagens invisíveis de Encantamento e Luz… é chamado de demente, esquizofrénico… de alguém que vive no mundo da
fantasia, que tem visões, alucinações?! Pura ilusão, dizem com convicção! Mas são estes “loucos, estes alienados” que permitem que a
Esperança, o Sorriso Interior, a Fé... germinem em tantos corações esmorecidos, ávidos de alento e se aventurem a vivenciar, sentir a Poesia
deslumbrante da Vida.
Não se domesticam os sonhadores, estes "lunáticos" nem se colocam neles um açaimo, é impossível silenciar a voz destes seres
especiais, sensíveis, destes poetas que escutam os murmúrios silentes de um mundo
mágico, enigmático que nem todos têm a aptidão de compreender e apreciar.
Sonhadores, Poetas, Trovadores, Trabalhadores da Luz… prossigamos a nossa jornada, desviemos pacientemente os pedregulhos que nos impedem de caminhar, alumiemos as sendas da nossa Missão, não
consintamos que nos obscureçam a essência com “exatidões” científicas. O que
realmente importa é o que SOMOS e não o que outros seres menos evoluídos
cogitam sobre nós.
“São os olhos, exatamente os olhos, que eu mais ouço. A vida
tem-me ensinado, ao longo da jornada, que as palavras muitas vezes mentem. Os
olhos, geralmente, não desmentem o que diz o coração.”
(Ana Jácomo)
A melhor forma de conhecermos alguém é observar os gestos, os sorrisos, os olhares… é saber ouvir, decifrar as entrelinhas do discurso, é saber ver / sentir / intuir com a inteligência do coração... e a sabedoria que vai brotando subtilmente da nossa alma.
Abrem-se as portas do horizonte,
há um livro longínquo, encantado cheio de poesia. Continuas imóvel. Há uma
(in)quietude desconfortável! Onde estão as tuas asas que te levavam para outros
mundos e te extasiavam com cânticos doces de algodão? Queres folhear o livro da
tua alma, mas está tão distante. Inventas as palavras que enchem aquelas
páginas, sonhas percorrer todas as linhas da tua história, procuras
incessantemente o teu amor…mas há um muro invisível que te impede de voar… Há
lágrimas obstinadas que se soltam dos teus olhos cansados e escoam no rio das tuas
lembranças dolentes.
Permaneces (in)quieta junto à janela
do teu coração… há páginas que o vento da Razão desfolhou e as trouxe para
junto de ti. Sorris… mas há murmúrios de um som amado que se aparta transportado
pelas nuvens astuciosas da Ilusão. Há um silêncio amargo que jaz na tua voz, há palavras refreadas, cheias de dor, desencantadas, ancoradas no marulho do Tempo. Há
recatos que devastam as flores de um jardim etéreo que ainda florescia no
outono. Há melopeias interrompidas pelos sons do esquecimento. Há sorrisos
(des)iludidos, há olhos que se fecham… querem adormecer para SONHAR.
A solidão habitava aquele olhar
brando e apagado. Havia um murmúrio tácito que o coração abrigava no inverno do
sentir. Os passos estagnavam na soleira da porta ainda cerrada, uma vereda sem
saída, um labirinto perene onde a dor aluía em gritos de solidão. Não havia
forma de devolver estrelas de sonhos agora extraviados. Não havia forma de resgatar
a essência duma vida… percurso inacabado de um destino inanimado, pálido. A
melodia solfejava notas de uma orquestra sem maestro, um cântico sem voz, uma
letra dolente nas cordilheiras de uma ILUSÃO sem alento. A sineta do sonho
nunca mais tocou naquele coração.
Há vazios que se chegam a nós…
abraçam-nos insensíveis, oferecem-nos pétalas murchas oriundas de jardins
esquecidos, abandonados… fica no ar um perfume melancólico de passado, memórias
sombrias que escondem o sol da alma…
Por muito que se cerrem as
janelas do coração, o vendaval de lembranças invade a quietude do sentir…
revira o baú da alma, defuma no horizonte incensos lânguidos… plangentes…
disseminam ventos gélidos onde já havia mansidão… placidez interior…
Hoje eu queria caminhar, voar
pela imensidão dos sonhos que começavam a florir, hoje eu ainda queria acreditar
nos sorrisos de liberdade e primavera… mas as portas do horizonte permanecem obstruídas
e os meus passos continuam inertes na perplexidade amargurada do coração.
Encontrei nos teus olhos as
palavras da tua alma, nos teus lábios provei a magia de um silêncio sincero. Há
embalos nos corações que nos levam para outros mundos onde a verdade tem asas
luminescentes.
Hoje a jarra enfeitou-se de rosas
vermelhas, fragrâncias de sonhos resgatados pelas agruras do destino. Do caos
nasce a beleza mais pura da vida, tal como a Flor de Lótus que floresce na
lama. Há feridas que nos dão a luz almejada.
O Amor é uma canção que só quem ama pode
escutar, é um poema sem palavras que nos encanta com a sonância de rimas puras,
cada vez mais belas.
Delonga-te no silêncio dos dias, interpreta os enigmas das noites em que o teu coração amargurado quase submergiu.
No barco frágil da existência, solta as amarras aos nós, enfrenta ainda os vendavais do teu ser, deles sairás mais forte, há quietudes que sempre entram na embarcação dos sonhos movendo o coração a um porto seguro.
Delonga-te nos trilhos sinuosos que navegaste, na solidão que enfrentaste com os teus braços exauridos de tanto remar contra a revolta das marés, contra a impetuosidade das palavras.
Ama o desalento rumoroso do teu percurso, ama as procelas que triunfaste e perde-te (encontra-te) nessa ondulação, com a certeza de seres rio num estuário sereno onde poucos sabem desaguar e tudo compreender.
Chama-me o silêncio, a voz impercetível do tempo que não passa… O vazio instala-se em mim, espraia-se em marés de amargura, vai e vem que me atormenta em gritos sombrios de desespero. O abismo cresce na minha alma… vertigem do momento que me atordoa num turbilhão crescente. O passado é um poema "desfeito" , um emaranhado de sons magoados que choram, lembranças presas nas rimas que ainda cantam. Deambulo no presente, sem rumo, alma perdida na noite, horizonte sem estrelas, luar foragido que se esvai por entre a solidão dos meus olhos. Perdi o futuro, talvez não esteja preparada para a aurora dos novos tempos. Talvez eu nem exista, talvez eu seja uma miragem do meu pensamento, uma flor espezinhada por uma esperança que agora fenece.
Há um instante em que balançamos na vida como um barco à deriva num mar revolto, sem direção. O nosso corpo não existe, é agora um brinquedo abandonado na monotonia de um sonho, na esperança que alguém o segure com umas mãos cheias de ternura. Esperança de uma alma que vislumbra o futuro, um adejar dos sentidos que pernoita no secreto lugar de um sonho esmaecido pela amargura dos dias.
Remanesce o poema que se ergue no silêncio de uma página solitária, versos que se espreguiçam querendo acordar o sentimento entorpecido. Letras cobertas de estrelas devolvem sorrisos, apagam as sombras de uma lembrança, arejam os pensamentos mais obscurecidos e os olhos querem repousar num sonho renascido.
...o murmurar de um devaneio entorpecido que fecha as pálpebras do Amor, da Poesia. Sou cativa da Razão, entrevejo sonhos aluídos!
Não sei interpretar as linhas do poema! Os sentimentos amedrontam-me, invadem as áleas da minha nostalgia alucinando a fantasia que se esvai magoada nas ondulações irrequietas do sentimento.
Não sei entender o refrigério das quimeras. As palavras evadem-se, têm máscaras, estão cansadas de mim. Não sei sentir!
Enclausurei os sentidos. Os meus olhos não veem, não querem compreender... As sombras envolvem o horizonte, névoas de dor, dubiedades aterrorizantes. Uma saudade infinita... no devir do firmamento!
Procuro nos interstícios das brumas alguma luz, prendo as estrelas desatentas no meu coração tão exaurido!
Não quero submergir na letargia da realidade! Quero adormecer nos braços da noite, lembrar-me de mim... e deixar-me ir...ir...!
Amores perfeitos, só mesmo as
flores têm essa designação. O amor é um trilho mágico que se faz de corações
enleados, é uma aprendizagem mútua que nos vai lapidando as imperfeições e nos
vai acendendo sóis quando as sombras dos dias nos apagam a luz da essência. Na
verdade, esta é sempre iluminada, no entanto, há obstáculos /pessoas que se
cruzam nas nossas vidas para obscurecerem os nossos passos e, paradoxalmente
para ajudarem a percecionar, a alumbrar e a aprimorar ainda mais este
sentimento.
Nada acontece por acaso, devemos
agradecer as adversidades que nos auxiliaram a compreender ainda mais que o
caminho escolhido por duas almas, (sempre) entrelaçadas, foi um acordo divino.
Amar é perdoar, é aceitar as
diferenças, é entregar-se por inteiro, é confiar, é transbordar de ternura
quando tudo parece desabar.
Amar é abraçar em silêncio quando
as palavras são desnecessárias, pois o pulsar de dois corações que se amam têm
em si o melhor poema da existência.