domingo, 28 de junho de 2020

Nas Asas do Sentir





Devagar, chega a noite com o seu manto de estrelas. Solto o pensamento e deixo que o silêncio entre pelas janelas do coração. Escuto as brisas que despertam os sentidos, namoro a Lua e conto os sonhos que escrevem tantas estrelas no céu que me enlaçam de mistério e me deixam nos olhos cicios de saudade.

Olho em redor… sento-me no vale encantado e imagino quantas promessas moram nas folhas das árvores, quantas memórias perdidas a Lua guarda nas suas mãos, esperando libertá-las e doá-las aos poemas que ainda estão por escrever.

Vislumbro sendas híbridas, labirintos de solidão, trilhos desvalidos onde só os poetas sabem caminhar porque só eles sabem abraçar a solidão e dançar nas estradas onde os raios do luar espreitam mesmo que eles se escondam para acender outras madrugadas.

Deixo-me ficar assim… a contemplar o infinito. Solto as asas do meu Sentir… e espero que o beijo do alvorecer me devolva o poema que deixei gravado na pauta do vento, a canção de um murmúrio enamorado, a voz de um sorriso que eu encontrei naqueles caminhos cruzados… o Poeta da minha Alma.

Fanny Costa

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Se tu soubesses



Se tu soubesses como o mar dos meus olhos desagua amorosamente no bosque encantado dos teus, talvez pudesses escutar os murmúrios da minha alma, guardados na solidão das estrelas.
Se tu soubesses como as minhas mãos folheiam as páginas de silêncio  do teu coração e as preencho com as palavras que se soltam do meu, tão cansado... talvez os pássaros da tua alma entoassem cânticos de amor, talvez os nossas asas se enleassem num bailado inspirado de poemas.

Fanny Costa

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Despertar




O sol espreitou pela janela. Acordou-me, com um beijo de brisa. Entrou e sorriu. Deixou-me aromas de primavera e saiu murmurando às árvores que ainda se espreguiçavam entontecidas pela alvorada. 
Ficou o cântico dos pássaros.
Ficou a melodia do silêncio que chamou o meu coração e eu libertei as asas... 
e fui...

 Fanny Costa 

sábado, 20 de junho de 2020

Transmutação




Cansou-se

Já não havia tempo de se deter em cogitações e analisar as atitudes incongruentes que a rodeavam… Olhava agora para dentro de si mesma, excluía os vendavais de críticas e o negativismo que lhe ofereciam todos os dias. Fechou os olhos e observou que o que vem de fora são pequenas lições que lhe mostravam o verdadeiro caminho a seguir. Mesmo que não desejasse, teria de conviver com a frivolidade. O real torturava-a, por isso procurava o alento dentro de si própria. Já há muito tempo que se fechava na alegria que descobria na sua solidão. Observava com atenção, demorava-se nos caminhos silenciosos da sua alma e encontrava relíquias encantadas.

Não, não fugiu… nem quis esquecer. Não podia! Impossível abandonar o que se vê todos os dias, a todo o momento! Escapou-se para um mundo só dela, fechou os ouvidos, calou a voz… libertou o coração, já extenuado de tantas opressões e desvarios. Aprendeu que o tempo é demasiado curto para se perder.

Descansa agora na magia do seu sonho, da sua luz… tira as máscaras e sorri. Inventa cores, aromas… colhe flores do seu jardim e desenha-as no seu vestido rodado de seda. Corre…
d a n ç a… V O A … Voluteia como fada num reino encantado de poesia e amor...

Fanny Costa