quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Milagre da Natureza


A Natureza é Sábia, basta que o nosso olhar se demore atentamente nos seus pormenores, nos seus mistérios, na sua beleza infinda. Quanta magia nos invade a essência, quantos sorrisos desenhamos no coração, quantas poesias são lidas com um simples olhar?

Vivemos um milagre e não percebemos, tal é o labirinto penoso em que vivemos. Não encontramos a saída, o sol brilha, mas as nuvens densas povoam a nossa mente e ofuscam os trilhos da liberdade. Saibamos silenciar, saibamos aquietar os nossos pensamentos e permitir escapar por alguma fresta de luz. Que jamais abandonemos a nossa verdadeira essência, de viver intensamente o AGORA, de viver a nossa verdadeira missão: encontrar a felicidade. E o que é a felicidade? 

Observemos uma flor... pétala a pétala, a flor que era um simples botão, vai desabrochando numa imensa beatitude, exaltando fragrâncias de paz e simplicidade. Isto é felicidade.   É alegria pura, é serenidade, é candura... Puro encantamento!

A natureza é a ponte que nos conecta com a nossa alma, mas nós esquecemo-nos do quão importante é Ser e estarmos em comunhão permanente com a verdadeira vida. Saborear a melodia das aves, namorar uma pedra, o mar, uma árvore, interpretar os sinais divinos... E neste enlace a nossa essência descansa no seu ninho acolhedor, repousa a mente, encontra a sua unicidade, a sua paz interior. Não pensar, simplesmente sentir... e tudo absorver com a  mesma inteligência da Natureza. É este encontro com a harmonia, com este sagrado envolvente que nos conduz à totalidade do nosso Ser. Respirar profundamente, com consciência é terapêutico e energizante. 

A natureza é sábia! Saibamos interiorizar os seus ensinamentos e desfrutar desta viagem reencontrando a nossa essência no seu estado mais puro. 

Fanny Costa


sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

O Livro do Coração

 


Há um livro no coração, poesias de uma vida, estrofes de emoções, rimas belas... gargalhadas de Sol. Tantas páginas vestidas de lembranças, tantos versos soletrados pela brisa dos sentidos. Hoje, o livro perdeu as folhas, quais folhas esvoaçantes de Outono que tombam dos ramos cansados das árvores. Que recordações feneceram, de que primaveras foram escritas? Que cânticos de amor entoaram no florescer de tantas páginas perfumadas? Que estrelas as iluminaram? Que frio as despiu e as esqueceu na sombra do vento?Ao folhear o livro da memória, há uma ave que ainda esvoaça nas paisagens de um poema, rimas soltas de amar que pulsam nas artérias de duas flores entrelaçadas. 

Fanny Costa

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Flor de Outono


 

Permaneço na solitude dos dias, embrulhada nos cobertores dos meus pensamentos. Chove lá fora, sinto o conforto dos sonhos que têm o teu nome. Está tanto vento, as árvores tremem de frio.  Habituei-me a esta solidão, a esta (in) quietude, a este vazio cheio de ti, sem palavras. Refugio-me nas memórias, rebusco versos perdidos no baú do coração. Sorrio. Olho o horizonte, há lágrimas que escorrem pelas vidraças... Há palavras que se escondem nas páginas de um livro fechado, ainda por ler.

Onde estão os versos da tua alma, a música da tua voz a declamar o poema do meu Ser? Procuro-te!
Há uma nostalgia em mim, uma flor tímida oculta no tapete do Outono. Dobram-se os ramos, uma inquietação atenta, uma recordação do frio pelas janelas da alma. Os pássaros não abandonam o céu, mas há um adejar inquieto, trémulo, um olhar furtivo.

Fecho as cortinas, os meus olhos já não têm as estrelas que emolduravam o retrato da noite. A Lua também não veio, hoje! E a flor oculta?
Ainda brotam flores na escuridão?

Fanny Costa




sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

O Amor é um rio que flui...



Observo os teus olhos fechados. O silêncio é uma melodia que te embala. O meu olhar é uma brisa que te beija. Puro deleite para a minha alma que se aconchega à tua. 
Esvazia os pensamentos, apaga o cansaço, amor. 
As palavras adormeceram. Habita-nos a delicadeza da floresta, o murmúrio doce das bétulas, a voz dos pássaros que acordam os nossos sentidos. Abres os olhos e o teu sorriso é uma canção que adentra no meu coração. Apaga a luz da realidade, fecha a porta das mágoas. Vive, sente apenas este momento abençoado de Amor. Abraça-me, mesmo na escuridão. A luz dos teus suspiros incendeiam a noite. Tu és o farol que me guia.
Dá-me a tua mão, entremos no Barco do Sonho. Rema devagar, observa o fluir das águas. O Amor é assim. Um rio que corre, contorna obstáculos e segue o seu percurso. Contemplo agora os teus olhos abertos e vislumbro um poema sem palavras. Uma ternura que me enternece e me faz voar no Universo dos teus sonhos que também são os meus.

Fanny Costa