Tantos
enigmas, tantas ambiguidades a flutuar na planície dos meus pensamentos...
Quisera eu olvidar as alvoradas agrestes de solidão, os olhos submersos nas
águas obscuras do meu coração tão exaurido, sem um sorriso de futuro.
Como
sorrir num oceano perturbado de indefinição? Tranco as lágrimas, quero
adormecer profundamente e desmemoriar este presságio de angústia infindável.
O
meu olhar descerra as cortinas inquietas e perplexas... O meu coração árido
ainda vagueia na esperança de um sonho, mas só vislumbra nuvens pesadas que
embaciam a paisagem da minha alma.
Dizem
que os sonhos têm asas...mas as minhas estão feridas e ainda doem. Quisera eu
adejar nas alas robustas das aves e voar com elas para horizontes longínquos e
cristalinos na demanda de um sonho apenas.
"Que
sonho poderia devolver o sorriso ao teu coração?"
Cogito... lembro-me
de muralhas por desmoronar, a edificação de pontes e infinitos laços de
ternura.
O
meu sonho não tem cor ou talvez seja multicolorido... é de cristal, é frágil,
translúcido, capaz de resplandecer as ruas obscuras do meus passos trémulos e
indecisos.
Quisera eu ter a tua alma entrelaçada à minha e os nossos corações a murmurarem amor sem as brumas silentes dos abismos.
Autoria: Fanny Costa