Sentada
no esplendor da sua praia, ela traçava sonhos com a caneta do coração. Admirava
o mar que era o seu lenitivo, um aconchego divino. Abençoada praia que a
elevava ao outro lado do horizonte e onde reencontrava a poesia da sua Alma.
Eram
horas mágicas que sacudiam a poeira do livro guardado no segredo dos seus dias
e lhe devolviam a serenidade ao Coração. As letras tímidas dos seus sonhos
enleavam-se suavemente às sílabas e as palavras brotavam na alvura do seu Ser.
Ao entardecer, o sol despedia-se, beijava o seu rosto e espelhava o seu sorriso na brandura das águas que ondulavam em brisas de paz.
Hoje ela já não pode sentar-se nos degraus sumptuosos daquela praia. Agora vive na solidão do seu claustro insípido, embrulha-se num cobertor amarrotado de tantos sonhos desfeitos. Ainda assim, quando um sonho airoso lhe murmura um poema, o seu coração esvoaça nas asas dos seus versos e ela repousa os seus sentidos na poesia das brisas, daquele mar distante, mas tão amado.
Autoria:
Fanny Costa