domingo, 12 de dezembro de 2021

Brisas Etéreas

 

Olhas o horizonte azul, vislumbras os pássaros que voam da tua alma... e não percebes que eu sou o voo de ternura que te sustém neste emaranhado louco de sentidos. Desenho-te canções de amor nos segredos do vento que deslizam no Tempo... Ecoam murmúrios de sol que te tocam meigamente e que tu acolhes no silêncio das tuas mãos.

Refugias-te no Paraíso da Noite onde te escondes na tua solidão e no silêncio das tuas palavras, mas levas contigo o sol que te dei... Ele agora é a lua que te aconchega, farol da tua alma que te conduz na escuridão do sentir. E em cada estrela cintilante que te sorri, tu sorris também, porque sentes os beijos em flor que derramo no jardim encantado do teu coração... oásis perfumado de sonho que te preenche o vazio da existência...

Adejo contigo nas brisas etéreas do sonho... mas tu não compreendes que quem voa contigo, sou eu.

 

Autoria: Fanny Costa

sábado, 11 de dezembro de 2021

Inquietação

 


Abundam chuviscos nos teus olhos, adensa-se a penumbra que escorrega no horizonte. O teu coração deambula curvado num labirinto de ausências e as tuas mãos trémulas sustentam o gelo das palavras  amarescentes soletradas no rumor do vento. 

Cai a noite, cai a esperança e as estrelas extinguem-se no avesso do céu, enquanto o lápis da memória desenha um mar soturno onde soçobras num tormento cada vez mais padecido. 

 

Autoria: Fanny Costa

 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Utopia

 


O desalento cresce neste turbilhão de sentimentos e a voz dos dias emudeceu num rio estagnado e lamacento. Um bramido tácito ecoa nas trevas do sentir. Há um punhal de palavras que abre feridas quase cicatrizadas. 

Os sonhos foram rasgados,  abandonados num deserto árido e a dor foi tão profunda que a protagonista deste enredo quase sucumbiu num abismo inesperado e dolente. 

Caem as máscaras do teatro da  vida. A protagonista desta história de (des)encantar salta daquela página triste, amarrotada de palavras lancinantes. Foge, sem pensar, sem rumo. 

Há montanhas de espanto por escalar naquele coração quebrantado. Choram os poemas inabitados, tantos versos magoados, embrulhados em rimas imperfeitas

Os seus passos quedam-se prostrados, a angústia é tão penosa que ela não consegue mover-se. 

Olha em redor e os olhos das pedras também choram! Ao longe vê no seu jardim uma flor dolente, murcha... outrora bela, mas regada de utopia. 

Um perecimento anunciado, negado, agora uma realidade... com que futuro? 

 

Autoria: Fanny Costa

 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Era uma simples rosa...

 


O jardineiro amava o seu jardim de rosas, mas havia uma especial que ele guardava no seu coração. Rara flor que ele protegia e cuidava com muito amor num canteiro resguardado e fechado não viessem as ventanias e tempestades magoar a debilidade das suas pétalas.

Um dia plantou outras flores  no terreno fértil do seu Ser e outro jardim floresceu como um sonho a perfumar o seu coração enchendo-o de alegria. Ele contemplava  o seu jardim cheio de cores e fragrâncias maravilhosas mas a rosa do seu coração quase fenecera fechada na sua solidão. Como esquecer a fragilidade da sua flor tão amada? Como poderia esquecer a fragrância daquela rosa que ele tanto protegera e tantos cuidados lhe dera?

Pegou nela, suavemente, espargiu ternura, beijou as suas pétalas aveludadas e com os seus amorosos murmúrios,  as pétalas vicejaram em sorrisos deslumbrantes.

Agora aquele jardineiro não poderia deixar a sua flor esquecida naquele canteiro, aparentemente resguardado. 

O jardineiro perdia-se nos seus  pensamentos, vivia num tumulto de sentimentos e os jardins coloridos eram o seu alento, a sua paz.

Um dia, distraído nas suas infindas cogitações, esqueceu-se da porta aberta e as pétalas aveludadas esvoaçaram velozes  nas asas de um vento agreste. A sua rosa encantada, tão amada, nunca mais embelezou aquele canteiro tão precioso.



Autoria: Fanny Costa

 

domingo, 5 de dezembro de 2021

sábado, 4 de dezembro de 2021

Aconchego

 


Sentada no esplendor da sua praia, ela traçava sonhos com a caneta do coração. Admirava o mar que era o seu lenitivo, um aconchego divino. Abençoada praia que a elevava ao outro lado do horizonte e onde reencontrava a poesia da sua Alma.

Eram horas mágicas que sacudiam a poeira do livro guardado no segredo dos seus dias e lhe devolviam a serenidade ao Coração. As letras tímidas dos seus sonhos enleavam-se suavemente às sílabas e as palavras brotavam na alvura do seu Ser.

Ao entardecer, o sol despedia-se, beijava o seu rosto e espelhava o seu sorriso na brandura das águas que ondulavam em brisas de paz.

Hoje ela  já não pode sentar-se nos degraus sumptuosos daquela praia. Agora vive na solidão do seu claustro insípido, embrulha-se num cobertor amarrotado de tantos sonhos desfeitos. Ainda assim, quando um sonho airoso  lhe murmura um poema, o seu coração esvoaça nas asas dos seus versos e ela repousa os seus sentidos na poesia das brisas, daquele mar distante, mas tão amado.

Autoria: Fanny Costa

 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Purificação


 

Se um dia tropeçares na sombra da tua existência e dos teus olhos gotejar alguma tristeza, limpa as janelas do teu Sentir e procura o poema do arco-íris que habita o segredo do teu coração.

Em nenhum momento, te esqueças de abrir a tua alma para a magia do horizonte onde as aves dançam só para ti e também não te esqueças de desenhar o teu mais belo sorriso para lhes agradecer.

E se ainda assim, imergires na solidão e nem das janelas do teu Ser vislumbrares o voo da tua liberdade, embeleza-te com o teu vestido mais lindo, vai caminhar, passeia devagar pela Natureza, delonga-te no encanto dos detalhes, apura todos os teus sentidos. É lá o teu Templo, o lugar sagrado onde vais resgatar a tua Alegria que te espera. Mas se a nostalgia ainda te acompanhar, mergulha, sem medo, no lago azul desse bosque encantado. Purifica a melancolia, banha-te de Esperança, de Céu, de Vida!


Autoria: Fanny Costa

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Talvez...


Gorjeiam as gaivotas num baile estonteante, no amanhecer de mais um dia de nostalgia. E há palavras relutantes que se debruçam na janela do pensamento almejando o voo das aves e a dança das folhas de Outono que caem lentamente no tapete do coração. E o silêncio interior é um poema de luz, é uma brisa fresca que acaricia o papel dos sentidos varrendo as folhas murchas da mente e de tantos sentimentos ressentidos.

Talvez o vento da (des)ilusão mude de rumo e as portas permaneçam desobstruídas para adentrar a harmonia no aconchego de uma paz profetizada.

Talvez um dia, brotem flores nos jardins da alma... e uma rosa preciosa floresça numa viagem encantada de sonhos entrelaçados. 

Talvez  os corações reaprendam o significado da palavra alegria e continuem a sorrir mesmo com os espinhos da vida.


Autoria: Fanny Costa

 

 

domingo, 28 de novembro de 2021

Bailado de papel

 


Há folhas a voejar sobre o mar, levou-as o vento na solidão de mais um entardecer.

Mas que importa? Que voem para longínquos lugares.  São afinal simples poemas... são versos perdidos em estrofes magoadas e  sem rumo certo.

Um dia, chamaram-lhes flores do coração, hoje são páginas amarguradas, desbotadas, sentimentos dúbios num alvoroço estonteante.

Há gaivotas esvoaçantes num bailado de papel, há um poeta sentado no promontório do infortúnio lacrimejando o silêncio do seu coração com as mãos vazias mas cheias de dor.

 

Autoria: Fanny Costa


quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Um sonho apenas...



Tantos enigmas, tantas ambiguidades a flutuar na planície dos meus pensamentos... Quisera eu olvidar as alvoradas agrestes de solidão, os olhos submersos nas águas obscuras do meu coração tão exaurido, sem um sorriso de futuro.

Como sorrir num oceano perturbado de indefinição? Tranco as lágrimas, quero adormecer profundamente e desmemoriar este presságio de angústia infindável.

O meu olhar descerra as cortinas inquietas e perplexas... O meu coração árido ainda vagueia na esperança de um sonho, mas só vislumbra nuvens pesadas que embaciam a paisagem da minha alma.

Dizem que os sonhos têm asas...mas as minhas estão feridas e ainda doem. Quisera eu adejar nas alas robustas das aves e voar com elas para horizontes longínquos e cristalinos na demanda de um sonho apenas.

"Que sonho poderia devolver o sorriso ao teu coração?" 

Cogito... lembro-me de muralhas por desmoronar, a edificação de pontes e infinitos laços de ternura.

O meu sonho não tem cor ou talvez seja multicolorido... é de cristal, é frágil, translúcido, capaz de resplandecer as ruas obscuras do meus passos trémulos e indecisos.

Quisera eu ter a tua alma  entrelaçada à minha e os nossos corações a murmurarem amor sem as brumas silentes dos abismos.

Autoria: Fanny Costa 


terça-feira, 23 de novembro de 2021

Pinturas de Deus

 


Quando os primeiros raios de sol se espreguiçavam no horizonte da manhã, havia um sorriso que percorria a floresta. O cântico das aves era uma melopeia cadenciada que despertava os sentidos.

Ela gostava de passear, bem cedo, por entre as árvores frondosas e escutar o farfalhar das folhas ao vento  que iam caindo suavemente. As cores quentes alaranjadas sempre a encantaram, como se os seus olhos contemplassem pinturas coloridas. Seriam pinceladas de DEUS, certamente! ELE que se esmerava para agradar a quem estivesse atento aos sinais, ao milagre da vida.

Os seus passos eram cada vez mais lentos, gostava de sentir o perfume de toda  a vegetação, respirava maravilhada os perfumes frescos do outono e o seu coração batia feliz, imersa naquele momento mágico de solitude.

Apreciava a sua própria companhia, a conexão com o seu Eu Superior era cada vez mais intenso naquele oásis de tranquilidade. Só assim poderia nutrir o seu coração e a sua alma. O seu olhar demorava-se naquele paraíso, deleitava a sua mente tão extenuada, revigorava o seu corpo que dançava com a melodia das brisas frescas e sentia uma leveza como se  naquele momento tivesse asas.

Abraçava as árvores, em silêncio, sentia o mistério da terra e o seu coração enchia-se de amor e profunda gratidão!


Autoria: Fanny Costa 

domingo, 21 de novembro de 2021

Florescer...


Quem me dera florescer outra vez, perfumada de beleza e candura...
Não quero as rosas que murcharam nas intempéries do passado. Não quero rosas de dor,  a agonia dos espinhos cravados no coração nem as lágrimas derramadas em rios de dúvidas.
Quero semear flores de esquecimento num jardim de luz onde as minhas mãos se entrelacem na paz das tuas asas.
Quero voar na quietude do silêncio, beijar a aurora do futuro e recordar-me que a Felicidade nos sorri na clareira de um novo Sol. 

Fanny Costa

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Flor do Coração

 


Ela passeava nos corredores da memória, sentia uma melancolia, um vento agreste fustigava todo o seu corpo. Os seus pensamentos eram um mar revolto de mistérios, rios  de saudade deslizavam do seu olhar, agora apagado, ausente. As lembranças eram gélidas, entravam pelas janelas da sua alma... tinha tanto frio. Nem os cobertores dos poemas aqueciam a sua essência!
Por vezes, o seu olhar perdia-se no horizonte, seguia o bailado das aves e ousava sonhar a liberdade do seu voo. Quando fechava os olhos, ouvia a melodia do silêncio e um jardim perfumado de flores entrava no segredo do seu querer.
Trazia no seu peito somente uma Flor rara a que chamava Amor. Nas suas mãos embalava-a de Fé e de Sonhos coloridos.
Não seriam as chuvas do Outono que a iriam derrubar nem a ventania das ilusões.
Ela gostava de guardar raios de sol nos bolsos do seu coração, assim aquecia as recordações frias e iluminava as sombras da sua solidão, clareando o seu sorriso que lhe devolvia a esperança e tantos sonhos esquecidos.

Fanny Costa

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

A vida dói...

 


A vida dói! 

O labirinto das dores cansou as palavras amarguradas que ficaram nuas, frias, vazias de sentido. Mas, pouco a pouco vou abotoando as sílabas, vou alinhavando as palavras perdidas. Costuro a esperança em todas elas, visto-as com finas cambraias de sonhos. Acompanha-me o silêncio, um amigo que me abraça num horizonte de paz, um sorriso de amor em cada recanto do meu Ser.

E hoje a Lua veio enfeitar o céu, talvez a lanterna do seu olhar encontre o livro extraviado nas sombras do meu coração. Talvez as mãos do vento folheem as páginas esquecidas dos sonhos e amanhã o livro se abra com as vestes do Sol.  Talvez as palavras  encontrem o voo da liberdade e possam desfilar nos palcos infinitos do pensamento. 

Fanny Costa 


domingo, 14 de novembro de 2021

Propósito



Trilha a estrada do teu propósito, mesmo que a paisagem esteja embaciada e os teus olhos físicos ainda não percebam o percurso. Se um dia, um sonho se perder no labirinto dos caminhos, escuta o silêncio da tua alma, o GPS do teu Ser. Há atalhos de esperança que só são vislumbrados com os olhos da Fé, com os sentidos do coração. Caminha e não te distraias, os sinais divinos existem e querem falar contigo.💙

Fanny Costa


domingo, 10 de janeiro de 2021

Vozes da Noite

 



O Sol adormeceu. A Noite acordou. Solto os murmúrios da Alma e deixo entrar o Silêncio. A mente aquieta-se! A Lua e as estrelas são sorrisos no meu horizonte. Gosto de respirar as brisas noturnas e imaginar constelações de Sonhos. Quanta magia irradia na escuridão que alumia o meu Ser. Encanto-me com o sussurro das brisas e vejo a dança dos galhos das árvores. Quantas lembranças moram na sombra dos pinheiros, quantas histórias escondidas na memória das suas raízes...Respiro profunda e lentamente. Abraço a suavidade daqueles instantes que me devolvem Esperança. Vislumbro trilhos Iluminados, labirintos sem muros. 

Está fria, a noite, incandescente está o meu Sentir. Esta ânsia de atravessar a ponte dos sentidos, de percorrer contigo os segredos da Floresta. As vozes da noite estão agora na almofada onde descanso o meu coração junto ao teu! 

Fanny Costa


terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Alquimia das Flores


Os seus cabelos ondulam no cicio do vento, são a luz doirada da floresta que se veste de primavera. Segura nas mãos pétalas de poesia que derrama na paisagem daquele tapete verde de sorrisos. Os seus olhos demoram-se no silêncio fértil de um coração que acorda em cada alvorada do seu ser. A música escorre pelos lagos mansos das manhãs. As aves dançam nas pupilas azuis do horizonte.

Ela abraça a solitude, beija os versos calados embrulhados nos laços da noite. Estendem-se ao sol, ternuras tímidas no jardim dos seus pensamentos. Lembranças perfumadas florescem na aragem da sua pele. Quisera resgatar instantes de quietude na alquimia das flores. Suave magia que estremece a sua alma.

Onde estará a ponte translúcida que a leva para a outra margem onde mora o seu sonho?

 Fanny Costa


quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Milagre da Natureza


A Natureza é Sábia, basta que o nosso olhar se demore atentamente nos seus pormenores, nos seus mistérios, na sua beleza infinda. Quanta magia nos invade a essência, quantos sorrisos desenhamos no coração, quantas poesias são lidas com um simples olhar?

Vivemos um milagre e não percebemos, tal é o labirinto penoso em que vivemos. Não encontramos a saída, o sol brilha, mas as nuvens densas povoam a nossa mente e ofuscam os trilhos da liberdade. Saibamos silenciar, saibamos aquietar os nossos pensamentos e permitir escapar por alguma fresta de luz. Que jamais abandonemos a nossa verdadeira essência, de viver intensamente o AGORA, de viver a nossa verdadeira missão: encontrar a felicidade. E o que é a felicidade? 

Observemos uma flor... pétala a pétala, a flor que era um simples botão, vai desabrochando numa imensa beatitude, exaltando fragrâncias de paz e simplicidade. Isto é felicidade.   É alegria pura, é serenidade, é candura... Puro encantamento!

A natureza é a ponte que nos conecta com a nossa alma, mas nós esquecemo-nos do quão importante é Ser e estarmos em comunhão permanente com a verdadeira vida. Saborear a melodia das aves, namorar uma pedra, o mar, uma árvore, interpretar os sinais divinos... E neste enlace a nossa essência descansa no seu ninho acolhedor, repousa a mente, encontra a sua unicidade, a sua paz interior. Não pensar, simplesmente sentir... e tudo absorver com a  mesma inteligência da Natureza. É este encontro com a harmonia, com este sagrado envolvente que nos conduz à totalidade do nosso Ser. Respirar profundamente, com consciência é terapêutico e energizante. 

A natureza é sábia! Saibamos interiorizar os seus ensinamentos e desfrutar desta viagem reencontrando a nossa essência no seu estado mais puro. 

Fanny Costa


sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

O Livro do Coração

 


Há um livro no coração, poesias de uma vida, estrofes de emoções, rimas belas... gargalhadas de Sol. Tantas páginas vestidas de lembranças, tantos versos soletrados pela brisa dos sentidos. Hoje, o livro perdeu as folhas, quais folhas esvoaçantes de Outono que tombam dos ramos cansados das árvores. Que recordações feneceram, de que primaveras foram escritas? Que cânticos de amor entoaram no florescer de tantas páginas perfumadas? Que estrelas as iluminaram? Que frio as despiu e as esqueceu na sombra do vento?Ao folhear o livro da memória, há uma ave que ainda esvoaça nas paisagens de um poema, rimas soltas de amar que pulsam nas artérias de duas flores entrelaçadas. 

Fanny Costa

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Flor de Outono


 

Permaneço na solitude dos dias, embrulhada nos cobertores dos meus pensamentos. Chove lá fora, sinto o conforto dos sonhos que têm o teu nome. Está tanto vento, as árvores tremem de frio.  Habituei-me a esta solidão, a esta (in) quietude, a este vazio cheio de ti, sem palavras. Refugio-me nas memórias, rebusco versos perdidos no baú do coração. Sorrio. Olho o horizonte, há lágrimas que escorrem pelas vidraças... Há palavras que se escondem nas páginas de um livro fechado, ainda por ler.

Onde estão os versos da tua alma, a música da tua voz a declamar o poema do meu Ser? Procuro-te!
Há uma nostalgia em mim, uma flor tímida oculta no tapete do Outono. Dobram-se os ramos, uma inquietação atenta, uma recordação do frio pelas janelas da alma. Os pássaros não abandonam o céu, mas há um adejar inquieto, trémulo, um olhar furtivo.

Fecho as cortinas, os meus olhos já não têm as estrelas que emolduravam o retrato da noite. A Lua também não veio, hoje! E a flor oculta?
Ainda brotam flores na escuridão?

Fanny Costa