quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Um raio de Sol




Há de nascer um raio de Sol
na penumbra dos teus olhos
e um sorriso desenhar-se-á
nos teus lábios quietos, amargurados,
quando soltares as amarras
que te prendem as asas.

Há de nascer o Sol todas as manhãs,
quando o teu olhar aprender
a seguir a brilho dos teus sonhos
e embrenhar-se no embalo do teu viver.

Hão de nascer girassóis na tua janela
e hás de relembrar um a um, suavemente...
todos os que desfilam no jardim dos teus dedos,
mesmo os que esmorecem nos temporais dos dias.

Há de nascer um Sol nas cordilheiras do teu Ser…
só depois florescerão os sentidos da palavra Silêncio
e o Mundo abraçar-te-á de asas abertas
num deleitoso recomeço!

Fanny Costa

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Clausura




A porta abriu-se...
entrou o cansaço cheio de dor...
queria descansar no quarto da esperança
e eu, apática, deixei-o entrar.
A minha alma ficou plena de abatimento
e o mundo ficou esfumado
numa lembrança tímida... quase sem forma.

Fecho os olhos, procuro os sonhos
cada vez mais longínquos...
quase impercetíveis...
pontos de luz esvoaçando a reminiscência de um sorriso...
pássaros de asas feridas, mas resilientes...

Estou cansada...
as janelas também se fecharam
e ocultaram a magia da primavera
que orquestrava a melodia das aves
e o bailado das árvores
numa coreografia de cores perfumadas.

Recolhida na gaiola do meu viver,
pego no lápis dos sonhos
e desenho portas e janelas abertas…
deixo que a poesia do meu coração
entre e me segrede versos de asas coloridas…
que me levem no voo anímico do meu querer.

Fanny Costa

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Abraças o silêncio...



Abraças o silêncio, escutas a melodia da tua voz que se solta do teu coração ávido por um murmúrio de poesia. Tantos dias passam sem que possas visitar o relicário da tua alma e beber o néctar dos sentimentos que vestem de aurora os teus dias cinzentos e sombrios.

Hoje o Sol poisou no teu papel amarrotado, clareou as palavras imersas no vazio da clausura em que vives, hoje o vento soprou ternuras e arejou a dor do teu sentir. Vives encarcerada na liberdade dos teus passos que já se cansam de caminhar.

Onde está o azul que te preenche a essência? Onde estão as paisagens com que sonhas todas as noites quando sucumbes ao sono que te leva para o infinito nas asas do teu sonho?

Olhas e nada vislumbras… és corda solta de um violino ferido… sem melodia!

Amanhece e as tuas asas ausentaram-se. Observas as palavras que esboçam pequenos sorrisos num papel tímido, silente… sussurros de vento que te abençoam as horas e perpetuam a esperança que ainda vive no segredo do teu Ser.

Fanny Costa

domingo, 15 de julho de 2018

Voz do Silêncio

Solidão...a voz do silêncio preenche as sílabas abafadas do tormento... letras que se perdem nas ondulações inquietas de mais uma noite sem estrelas.  Palpitam palavras amordaçadas pela penumbra dos sentidos... há um vazio que propala ilusão... perfumes de versos perdidos nas pautas do vento. Os olhares vagueiam sem direção... tresmalham-se no infinito... afundam-se em buracos negros... Amanhecem luas novas... raios de  sombra que aclaram a mente... mais um dia sem o sorriso de um sonho... sem a poesia de um gesto... sem a ternura de uma brisa.


Fanny Costa

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Quando me olhas




É quando me olhas que o poema
floresce nas linhas do meu coração
e as feridas do tempo se desvanecem
nas nuvens brancas que passam.
É quando pintas o meu rosto na tela
da tua alma que a minha alma dança
no desenho das tuas mãos cálidas
de desejo e afeição.
E, quando me chegas no abraço
dos teus sonhos, eu acordo no futuro
no ninho dos teus braços saudosos
dos teus beijos, desse teu bem-querer
onde repousam as minhas asas
querendo alcançar a beleza do teu Ser.

Fanny Costa

quinta-feira, 21 de junho de 2018

AnoiteSer



Ando cansada! Estou extenuada destes dias em que não consigo segurar os meus sonhos, deste tormento que me persegue e me impede de vislumbrar o sorriso da vida. Estou cansada de adiar este reencontro com o meu Ser, de trilhar o meu verdadeiro caminho…  O Tempo é fugaz, escapa-se por entre os meus passos que desamparados tombam em mais um labirinto sombrio e avassalador.

Preciso repousar esta ansiedade, eliminar o torpor das minhas asas. Preciso ter o tempo que já não existe! Preciso tanto dele e reencontrar-me com a exultação do meu Sentir… de fazer o que tanto amo… simples gestos que me fazem tão feliz e que agora não são senão meras fantasias, quimeras que eu desenho na minha mente.

Quando chega a noite, mergulho dentro de mim… saio de mim… vou-me extinguindo com a noite e não é pesaroso este torpor do meu corpo em que, finalmente, encontro a serenidade. Gosto de percorrer as veredas da noite e respirar o aroma do esquecimento. Gosto de me reencontrar e esquecer o desalento dos dias, o desassossego do meu coração.

Gosto de adormecer os dias, gosto de anoiteSer!

Fanny Costa

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Ainda é tempo...




Ainda é tempo…


Ainda é tempo, desfaz as amarras…
voa em busca do sorriso adormecido!
Aquele que sempre adornou o teu rosto
e agora está encoberto no segredo
atormentado dos teus olhos.

Não esqueças os bosques azuis
onde passeavas quando o inverno
te perseguia resistente e obstinado…
Recorda-te das fadas do arco-íris
e as estrelas desenhadas na escuridão
do teu sentir… a cintilação que adentrava
no teu ser e te devolvia a magia perdida.

Ainda é tempo… Este é o tempo
da metamorfose do teu Ser!
Não abdiques de trilhar o novo caminho
abraça o tempo que te melindrou,
liberta a tua alma! Galga as fronteiras
do medo, da resignação que nada te
enaltecem.

Ainda é tempo… é a hora de acertares
os ponteiros do relógio, avança…
não estagnes mais os teus sonhos
que andam cansados de deambular
nas encruzilhadas de tantos desencantos.
Eles ainda não olvidaram as tuas promessas
essa jura interior de que não os abandonarias
mesmo que passassem muitos anos…

Ainda não é tarde…  é agora o tempo certo,
por isso, adeja nas alas dos teus devaneios
e resgata todas as estrelas tresmalhadas
dos sorrisos ávidos que ainda aguardam por ti…

Fanny Costa

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Canção da tua Alma




Hoje o silêncio não cantou. Hoje não se escutou a balada da sua alma. Acordou povoada de memórias, tatuagens de dor e solidão. A nebulosidade do seu Sentir ofuscava o seu olhar molhado num labirinto de perplexidade, uma via sem saída. As correntes de dor enlaçaram as asas do seu sonho e desencontrou-se dos seus voos, agora incertos.

Não temas, alma angustiada… temer é sofrer, continua a tua senda, mesmo que as tuas asas estejam cansadas de voar. Aninha-te naquele barco que está atracado nas nuvens, solta-o e deixa-te velejar pelos ventos da liberdade. Embala a tua alma nas marés de algodão, escuta as melodias das sereias que navegam junto ao teu mar de rosas brancas.  Apanha o teu sonho que ainda não feneceu. Os sonhos não perecem, simplesmente adormecem anestesiados pela mente que te enfraquece o Ser.

Não desalentes, agarra a Vida, sente a respiração da árvore que te sustém, mesmo que as folhas tombem no outono do teu viver. Liberta o teu sentir, deixa que os teus olhos encontrem as borboletas aprisionadas do teu querer… solta-as, deixa que elas partam rumo à primavera do teu sentir.

Não olvides a tua essência, tu és uma Rainha no teu Reino de Cristal, frágil, mas só teu. Não deixes que fragmentem esse teu poder, essa tua magia tão tua. “O Amor é uma utopia!– exclamas”… Ele és tu, já está em ti, ele só espera que o desprendas… o deixes crescer primeiro em ti e se faça melodia nos ouvidos do teu Eu. Só depois poderás dançar e abraçar os outros com a Canção da tua Alma.

Fanny Costa

A Poesia das Flores






Nada como contemplar a poesia das flores e escutar o murmúrio das suas cores,
 das suas fragrâncias... é um bailado de sentidos na paisagem da nossa alma.

Uma flor e um sorriso ...

Fanny Costa

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Caminhos Cruzados




Olhas o horizonte e não sabes as estrelas que há no céu. Duvidas que as estrelas vivam em ti, mas tu és uma delas, uma porção desse horizonte que vês e não entendes. Nada e ninguém pode enfraquecer a luz que te habita porque a estrela que brilha em ti é demasiado cintilante para esmorecer com a rebelião da tua mente. Crê que os corações que se atravessaram com o teu já estavam destinados, eles contêm códigos, lições que deves descortinar. São aprendizagens necessárias, sábias sejam as explicações e que (quase) tudo possas compreender.

Não lastimes os caminhos trilhados, as neblinas veementes do teu Sentir, o Sol fulgurante que te acalentou e os sorrisos que esqueceste de sorrir porque estavas absorta em cogitações estéreis. Tens em ti todas as (des)ilusões que superaste, por isso não deplores os tropeços do teu Sentir e as lágrimas que germinaram do teu coração magoado… Não foi por teres tombado nos degraus do teu Saber Interior que deixaste de ser Anjo.

Lembra-te que nos caminhos traçados em ti brotam flores, umas mais belas que outras, cada uma com a sua fragrância… e os seus mistérios…  são jardins que (des)conheces e muitas vezes não te levam a parte alguma. Percebe que as flores também murcham, mesmo quando elas vicejavam esplendor… murcham momentos passados apesar do aroma ainda pairar no jardim amargurado do teu Ser… são pedaços de recordações e, às vezes, é preciso varrer as folhas mortas.

Fanny Costa

terça-feira, 5 de junho de 2018

Universo da tua Alma





Não te angusties se já não sabes mais como desenhar sonhos no papel do teu coração. Confia no silêncio, acredita em ti próprio, procura na solidão do teu ser detalhes que nem tu conheces. É uma árdua aprendizagem… é um caminho que tens trilhar na tua companhia, mesmo que no início sintas uma ligeira turbulência e algumas lágrimas teimem em cair dos teus olhos. Não negues a luz que quer florescer em ti… idealiza que és uma árvore, as árvores têm raízes profundas… não as vislumbramos… mas elas existem. Tens um Universo dentro da tua Alma que quer sorrir para ti… Sê como a árvore que cresce rumo às estrelas, ela é a ponte entre a Terra e o Céu. Os seus ramos ondulam nos ventos que as tocam com os seus beijos de vida e os pássaros são anjos que cantam as baladas do teu sentir.
Se mesmo assim, não conseguires encontrar o caminho dos teus sonhos, aceita a dádiva de seres como és, porque a árvore que cresceu no teu ser já está em ti e as estrelas brilham lá no horizonte querendo abraçar o teu querer. Aquieta-te… silencia e fecha os olhos! Sente as brisas etéreas que tocam a tua face e desenha um sorriso no papel do teu coração… há sonhos que querem voar contigo… a criança ainda vive em ti!

Fanny Costa

sábado, 2 de junho de 2018

Madrugadas de Silêncio




Por vezes é preciso construir madrugadas de silêncio, quando os trilhos são cicatrizes, feridas guardadas na memória dos dias. Mergulho no vazio das palavras, adormeço o pensamento e deixo que a bússola me leve a um Tempo onde a mente se extingue e onde brotam cascatas de deleite anímico.
É tempo de Sentir, de desapegar… é o meu espaço de Luz, de solidão… magia de um lugar sem paredes onde a minha alma voa sem medo de cair no precipício da dolência.

Fanny Costa

quinta-feira, 31 de maio de 2018

Digressão Interior



Não temas a solidão, esse instante áureo onde (re)conheces o teu Ser. Não são trevas o que vês, é um imenso oceano onde mergulhas no azul da tua alma.  Se censurarem, não te inquietes com as sombras dos que te observam com os olhos da Terra. É nessa diferença de seres quem és, que tu te tornas Luz na escuridão dos que te rodeiam. Não queiras semelhanças. Tu és um ser singular.  Aprimora-te na diferença, sente a Vida com a doçura do Universo.

Imagina que molhas os pés numa praia, que visitas uma floresta pela primeira vez, o que sentes? Silencia… aquieta a tua mente. Ousa caminhar nos milagres da Natureza, percebe cada brisa, cada som que te murmura e lê a poesia que está escrita em cada sorriso de uma flor, uma saudade contida num ramo que baloiça quando te aproximas. Não te distraias. Continua. Respira, sente o fôlego da Alma que te agradece esta digressão interior.

Se souberes ser tu mesmo, se trepares as tempestades e nelas colheres girassóis, terás o Sol dentro de ti e compreenderás “tudo” o que se expressa dentro de ti.

Fanny Costa

domingo, 27 de maio de 2018

Solidão




Solidão...a voz do silêncio preenche as sílabas abafadas do tormento... letras que se perdem nas ondulações inquietas de mais uma noite sem estrelas.  Palpitam palavras amordaçadas pela penumbra dos sentidos... há um vazio que propala ilusão... perfumes de versos perdidos nas pautas do vento. Os olhares vagueiam sem direção... tresmalham-se no infinito... afundam-se em buracos negros.... Amanhecem luas novas... raios de sombra que aclaram a mente... mais um dia sem o sorriso de um sonho... sem a poesia de um gesto... sem a ternura de uma brisa.

Fanny Costa

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Bosque Secreto



Um pássaro… um gorjeio… um som na magia da solidão! Um infinito desenhado no outro lado do mundo onde escreves os teus sonhos e onde eu oculto os meus.  Dou-te a mão do meu silêncio e caminho contigo nas veredas que se cruzam e onde os violinos da Alma tocam harmoniosamente. Nasce o poema na aurora do Sentir… timidamente danças nos meus braços sem que me percebas e o meu sorriso floresce no bosque secreto das quimeras.

Mas subitamente o pássaro deixa de cantar. O gorjeio extingue-se com o vento gélido que arrefece a magia do silêncio. Regresso ao finito inconstante da minha existência e não vislumbro os sonhos que entrelacei aos teus… não leio o poema que brotou no coração do Universo… e as minhas mãos estão vazias de ti… sem a melodia que nos enleava naquela valsa maravilhada onde o amor despontava em cada flor que sorria.

Regresso a este mundo… sem entendimento...

Ecoa nos vales longínquos este som tão sonhado, esmola do meu querer, asa ferida que não consegue voar para o bosque encantado, vacuidade do sentir, voo interrompido pela neblina da perturbação.

Fanny Costa

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Mensagem das Brisas





Sentei-me na almofada do horizonte. Senti um silêncio que me embalava o Ser e adormeci. Não sei se foi sonho, sei que vi um sorriso de luz a abeirar-se do meu corpo. As suas mãos de nuvem tocaram o meu rosto e o meu olhar estremeceu. Lembro-me da fragrância que ficou naquele éden sem nome e das janelas que permaneceram abertas. No papel das brisas uma mensagem poisou no meu peito, mas eu não entendi. Eram códigos das estrelas, brilhos tão intensos que o meu olhar se encandeou deslumbrado. Mas que segredo estaria escrito naquele pedaço de aragem que me arrepiava a pele dos sentidos e comovia o meu coração?

Só quando a melodia da alvorada acordou aquela quietude, eu compreendi que no peito estava escrita a palavra S a u d a d e.

Fanny Costa


sexta-feira, 18 de maio de 2018

Sons da Alma





Já tentaram ouvir os sons da Alma... a canção interior de cada um de nós? O nosso Ser tem uma infinidade de melodias. Ele conhece todas elas. Quando ouvimos a canção de outra Alma e sorrimos é porque sentimos uma conexão musical que nos liberta as asas. Neste momento o voo dançante de ternura é um milagre do Universo que nos abre as portas da Essência.

Fanny Costa

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Correria




A vida corre e nós, loucamente, corremos também. Vivemos enclausurados entre quatro paredes, de coração fechado para o paraíso que está do outro lado, sobrevivemos atolados em obrigações e superficialidades.
Quantas flores perfumadas permanecem na solidão dos jardins sem olhares de candura, de gestos de ternura que abracem a beleza destes trilhos mágicos? Quantos mares murmuram segredos e ninguém os escuta? Quantas vagas poderiam acariciar o nosso corpo e proporcionar um alento interior? Quantos corações choram na clausura do seu Sentir? Vivem amargurados, sem caminhos traçados, vagueiam nos seus deveres. Escravos dos seus arbítrios, asas quebradas, remendadas…


Mas…
Quantas almas choram lágrimas de alegria na solidão do silêncio e veem sorrisos nos jardins revelados no interior da seu Ser? Quantas vezes sonhamos e abraçamos o horizonte que é só nosso? Temos pássaros dentro de nós, escondidos que acordam quando adormecemos o pensamento. E aí somos livres, a nossa casa não tem paredes, o Sol embala a nossa alma cansada e murmura-lhe Amor.
Quando despertamos para a corrida da vida, levamos em nós esse murmúrio doce. Guardamos um tesouro íntimo e o nosso sorriso tem agora outro brilho, sorriem diamantes de Paz.

Fanny Costa