Escuto-te neste silêncio e vejo a
luz que emana do teu ser. Ao ouvir o teu murmúrio doce… quente, a minha Alma
aconchega-se nestas noites gélidas e obscuras.
A noite desnuda-me. Não tenho
frio. O receio é uma utopia que afasto do meu pensamento. Saio e passeio por
trilhos de solidão onde se veem luzências a piscar pelas janelas dos edifícios.
Imagino quantos corações estarão a amar-se no conforto dos lares, sussurrando a
palavra Amor. Sorrio triste. Sinto-te. Teimo em ouvir-te como quem se desnuda
na escuridão para Amar.
Não estás comigo e vives na minha
Alma. Gosto da melodia do silêncio e da quietude das brisas. Medito e
encontro-te naquele Éden de papoilas onde corríamos quando nos amávamos entre
gargalhadas e beijos de Amor. A tua ausência é uma presença em mim, mesmo que
as tuas asas não estejam a enlaçar o meu corpo. As brisas que sopram
despenteiam os meus cabelos e sei que elas têm as tuas mãos preenchidas de ti,
a ternura que exalas em cada suspiro de saudade.
Sei-te em mim. Vejo-te no
baloiçar das árvores que dançam as músicas que vêm de longe, sinto o teu
perfume nos jasmins que sorriem para mim. E neste remanso anímico, regresso a
casa com os rouxinóis melódicos que me conduzem no seu adejar amoroso.
Sinto os teus abraços e adormeço
pela madrugada no sorriso da tua Alma.
Fanny Costa