segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Talvez...


Gorjeiam as gaivotas num baile estonteante, no amanhecer de mais um dia de nostalgia. E há palavras relutantes que se debruçam na janela do pensamento almejando o voo das aves e a dança das folhas de Outono que caem lentamente no tapete do coração. E o silêncio interior é um poema de luz, é uma brisa fresca que acaricia o papel dos sentidos varrendo as folhas murchas da mente e de tantos sentimentos ressentidos.

Talvez o vento da (des)ilusão mude de rumo e as portas permaneçam desobstruídas para adentrar a harmonia no aconchego de uma paz profetizada.

Talvez um dia, brotem flores nos jardins da alma... e uma rosa preciosa floresça numa viagem encantada de sonhos entrelaçados. 

Talvez  os corações reaprendam o significado da palavra alegria e continuem a sorrir mesmo com os espinhos da vida.


Autoria: Fanny Costa

 

 

domingo, 28 de novembro de 2021

Bailado de papel

 


Há folhas a voejar sobre o mar, levou-as o vento na solidão de mais um entardecer.

Mas que importa? Que voem para longínquos lugares.  São afinal simples poemas... são versos perdidos em estrofes magoadas e  sem rumo certo.

Um dia, chamaram-lhes flores do coração, hoje são páginas amarguradas, desbotadas, sentimentos dúbios num alvoroço estonteante.

Há gaivotas esvoaçantes num bailado de papel, há um poeta sentado no promontório do infortúnio lacrimejando o silêncio do seu coração com as mãos vazias mas cheias de dor.

 

Autoria: Fanny Costa


quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Um sonho apenas...



Tantos enigmas, tantas ambiguidades a flutuar na planície dos meus pensamentos... Quisera eu olvidar as alvoradas agrestes de solidão, os olhos submersos nas águas obscuras do meu coração tão exaurido, sem um sorriso de futuro.

Como sorrir num oceano perturbado de indefinição? Tranco as lágrimas, quero adormecer profundamente e desmemoriar este presságio de angústia infindável.

O meu olhar descerra as cortinas inquietas e perplexas... O meu coração árido ainda vagueia na esperança de um sonho, mas só vislumbra nuvens pesadas que embaciam a paisagem da minha alma.

Dizem que os sonhos têm asas...mas as minhas estão feridas e ainda doem. Quisera eu adejar nas alas robustas das aves e voar com elas para horizontes longínquos e cristalinos na demanda de um sonho apenas.

"Que sonho poderia devolver o sorriso ao teu coração?" 

Cogito... lembro-me de muralhas por desmoronar, a edificação de pontes e infinitos laços de ternura.

O meu sonho não tem cor ou talvez seja multicolorido... é de cristal, é frágil, translúcido, capaz de resplandecer as ruas obscuras do meus passos trémulos e indecisos.

Quisera eu ter a tua alma  entrelaçada à minha e os nossos corações a murmurarem amor sem as brumas silentes dos abismos.

Autoria: Fanny Costa 


terça-feira, 23 de novembro de 2021

Pinturas de Deus

 


Quando os primeiros raios de sol se espreguiçavam no horizonte da manhã, havia um sorriso que percorria a floresta. O cântico das aves era uma melopeia cadenciada que despertava os sentidos.

Ela gostava de passear, bem cedo, por entre as árvores frondosas e escutar o farfalhar das folhas ao vento  que iam caindo suavemente. As cores quentes alaranjadas sempre a encantaram, como se os seus olhos contemplassem pinturas coloridas. Seriam pinceladas de DEUS, certamente! ELE que se esmerava para agradar a quem estivesse atento aos sinais, ao milagre da vida.

Os seus passos eram cada vez mais lentos, gostava de sentir o perfume de toda  a vegetação, respirava maravilhada os perfumes frescos do outono e o seu coração batia feliz, imersa naquele momento mágico de solitude.

Apreciava a sua própria companhia, a conexão com o seu Eu Superior era cada vez mais intenso naquele oásis de tranquilidade. Só assim poderia nutrir o seu coração e a sua alma. O seu olhar demorava-se naquele paraíso, deleitava a sua mente tão extenuada, revigorava o seu corpo que dançava com a melodia das brisas frescas e sentia uma leveza como se  naquele momento tivesse asas.

Abraçava as árvores, em silêncio, sentia o mistério da terra e o seu coração enchia-se de amor e profunda gratidão!


Autoria: Fanny Costa 

domingo, 21 de novembro de 2021

Florescer...


Quem me dera florescer outra vez, perfumada de beleza e candura...
Não quero as rosas que murcharam nas intempéries do passado. Não quero rosas de dor,  a agonia dos espinhos cravados no coração nem as lágrimas derramadas em rios de dúvidas.
Quero semear flores de esquecimento num jardim de luz onde as minhas mãos se entrelacem na paz das tuas asas.
Quero voar na quietude do silêncio, beijar a aurora do futuro e recordar-me que a Felicidade nos sorri na clareira de um novo Sol. 

Fanny Costa

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Flor do Coração

 


Ela passeava nos corredores da memória, sentia uma melancolia, um vento agreste fustigava todo o seu corpo. Os seus pensamentos eram um mar revolto de mistérios, rios  de saudade deslizavam do seu olhar, agora apagado, ausente. As lembranças eram gélidas, entravam pelas janelas da sua alma... tinha tanto frio. Nem os cobertores dos poemas aqueciam a sua essência!
Por vezes, o seu olhar perdia-se no horizonte, seguia o bailado das aves e ousava sonhar a liberdade do seu voo. Quando fechava os olhos, ouvia a melodia do silêncio e um jardim perfumado de flores entrava no segredo do seu querer.
Trazia no seu peito somente uma Flor rara a que chamava Amor. Nas suas mãos embalava-a de Fé e de Sonhos coloridos.
Não seriam as chuvas do Outono que a iriam derrubar nem a ventania das ilusões.
Ela gostava de guardar raios de sol nos bolsos do seu coração, assim aquecia as recordações frias e iluminava as sombras da sua solidão, clareando o seu sorriso que lhe devolvia a esperança e tantos sonhos esquecidos.

Fanny Costa

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

A vida dói...

 


A vida dói! 

O labirinto das dores cansou as palavras amarguradas que ficaram nuas, frias, vazias de sentido. Mas, pouco a pouco vou abotoando as sílabas, vou alinhavando as palavras perdidas. Costuro a esperança em todas elas, visto-as com finas cambraias de sonhos. Acompanha-me o silêncio, um amigo que me abraça num horizonte de paz, um sorriso de amor em cada recanto do meu Ser.

E hoje a Lua veio enfeitar o céu, talvez a lanterna do seu olhar encontre o livro extraviado nas sombras do meu coração. Talvez as mãos do vento folheem as páginas esquecidas dos sonhos e amanhã o livro se abra com as vestes do Sol.  Talvez as palavras  encontrem o voo da liberdade e possam desfilar nos palcos infinitos do pensamento. 

Fanny Costa 


domingo, 14 de novembro de 2021

Propósito



Trilha a estrada do teu propósito, mesmo que a paisagem esteja embaciada e os teus olhos físicos ainda não percebam o percurso. Se um dia, um sonho se perder no labirinto dos caminhos, escuta o silêncio da tua alma, o GPS do teu Ser. Há atalhos de esperança que só são vislumbrados com os olhos da Fé, com os sentidos do coração. Caminha e não te distraias, os sinais divinos existem e querem falar contigo.💙

Fanny Costa


domingo, 10 de janeiro de 2021

Vozes da Noite

 



O Sol adormeceu. A Noite acordou. Solto os murmúrios da Alma e deixo entrar o Silêncio. A mente aquieta-se! A Lua e as estrelas são sorrisos no meu horizonte. Gosto de respirar as brisas noturnas e imaginar constelações de Sonhos. Quanta magia irradia na escuridão que alumia o meu Ser. Encanto-me com o sussurro das brisas e vejo a dança dos galhos das árvores. Quantas lembranças moram na sombra dos pinheiros, quantas histórias escondidas na memória das suas raízes...Respiro profunda e lentamente. Abraço a suavidade daqueles instantes que me devolvem Esperança. Vislumbro trilhos Iluminados, labirintos sem muros. 

Está fria, a noite, incandescente está o meu Sentir. Esta ânsia de atravessar a ponte dos sentidos, de percorrer contigo os segredos da Floresta. As vozes da noite estão agora na almofada onde descanso o meu coração junto ao teu! 

Fanny Costa


terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Alquimia das Flores


Os seus cabelos ondulam no cicio do vento, são a luz doirada da floresta que se veste de primavera. Segura nas mãos pétalas de poesia que derrama na paisagem daquele tapete verde de sorrisos. Os seus olhos demoram-se no silêncio fértil de um coração que acorda em cada alvorada do seu ser. A música escorre pelos lagos mansos das manhãs. As aves dançam nas pupilas azuis do horizonte.

Ela abraça a solitude, beija os versos calados embrulhados nos laços da noite. Estendem-se ao sol, ternuras tímidas no jardim dos seus pensamentos. Lembranças perfumadas florescem na aragem da sua pele. Quisera resgatar instantes de quietude na alquimia das flores. Suave magia que estremece a sua alma.

Onde estará a ponte translúcida que a leva para a outra margem onde mora o seu sonho?

 Fanny Costa


quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Milagre da Natureza


A Natureza é Sábia, basta que o nosso olhar se demore atentamente nos seus pormenores, nos seus mistérios, na sua beleza infinda. Quanta magia nos invade a essência, quantos sorrisos desenhamos no coração, quantas poesias são lidas com um simples olhar?

Vivemos um milagre e não percebemos, tal é o labirinto penoso em que vivemos. Não encontramos a saída, o sol brilha, mas as nuvens densas povoam a nossa mente e ofuscam os trilhos da liberdade. Saibamos silenciar, saibamos aquietar os nossos pensamentos e permitir escapar por alguma fresta de luz. Que jamais abandonemos a nossa verdadeira essência, de viver intensamente o AGORA, de viver a nossa verdadeira missão: encontrar a felicidade. E o que é a felicidade? 

Observemos uma flor... pétala a pétala, a flor que era um simples botão, vai desabrochando numa imensa beatitude, exaltando fragrâncias de paz e simplicidade. Isto é felicidade.   É alegria pura, é serenidade, é candura... Puro encantamento!

A natureza é a ponte que nos conecta com a nossa alma, mas nós esquecemo-nos do quão importante é Ser e estarmos em comunhão permanente com a verdadeira vida. Saborear a melodia das aves, namorar uma pedra, o mar, uma árvore, interpretar os sinais divinos... E neste enlace a nossa essência descansa no seu ninho acolhedor, repousa a mente, encontra a sua unicidade, a sua paz interior. Não pensar, simplesmente sentir... e tudo absorver com a  mesma inteligência da Natureza. É este encontro com a harmonia, com este sagrado envolvente que nos conduz à totalidade do nosso Ser. Respirar profundamente, com consciência é terapêutico e energizante. 

A natureza é sábia! Saibamos interiorizar os seus ensinamentos e desfrutar desta viagem reencontrando a nossa essência no seu estado mais puro. 

Fanny Costa


sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

O Livro do Coração

 


Há um livro no coração, poesias de uma vida, estrofes de emoções, rimas belas... gargalhadas de Sol. Tantas páginas vestidas de lembranças, tantos versos soletrados pela brisa dos sentidos. Hoje, o livro perdeu as folhas, quais folhas esvoaçantes de Outono que tombam dos ramos cansados das árvores. Que recordações feneceram, de que primaveras foram escritas? Que cânticos de amor entoaram no florescer de tantas páginas perfumadas? Que estrelas as iluminaram? Que frio as despiu e as esqueceu na sombra do vento?Ao folhear o livro da memória, há uma ave que ainda esvoaça nas paisagens de um poema, rimas soltas de amar que pulsam nas artérias de duas flores entrelaçadas. 

Fanny Costa

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Flor de Outono


 

Permaneço na solitude dos dias, embrulhada nos cobertores dos meus pensamentos. Chove lá fora, sinto o conforto dos sonhos que têm o teu nome. Está tanto vento, as árvores tremem de frio.  Habituei-me a esta solidão, a esta (in) quietude, a este vazio cheio de ti, sem palavras. Refugio-me nas memórias, rebusco versos perdidos no baú do coração. Sorrio. Olho o horizonte, há lágrimas que escorrem pelas vidraças... Há palavras que se escondem nas páginas de um livro fechado, ainda por ler.

Onde estão os versos da tua alma, a música da tua voz a declamar o poema do meu Ser? Procuro-te!
Há uma nostalgia em mim, uma flor tímida oculta no tapete do Outono. Dobram-se os ramos, uma inquietação atenta, uma recordação do frio pelas janelas da alma. Os pássaros não abandonam o céu, mas há um adejar inquieto, trémulo, um olhar furtivo.

Fecho as cortinas, os meus olhos já não têm as estrelas que emolduravam o retrato da noite. A Lua também não veio, hoje! E a flor oculta?
Ainda brotam flores na escuridão?

Fanny Costa




sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

O Amor é um rio que flui...



Observo os teus olhos fechados. O silêncio é uma melodia que te embala. O meu olhar é uma brisa que te beija. Puro deleite para a minha alma que se aconchega à tua. 
Esvazia os pensamentos, apaga o cansaço, amor. 
As palavras adormeceram. Habita-nos a delicadeza da floresta, o murmúrio doce das bétulas, a voz dos pássaros que acordam os nossos sentidos. Abres os olhos e o teu sorriso é uma canção que adentra no meu coração. Apaga a luz da realidade, fecha a porta das mágoas. Vive, sente apenas este momento abençoado de Amor. Abraça-me, mesmo na escuridão. A luz dos teus suspiros incendeiam a noite. Tu és o farol que me guia.
Dá-me a tua mão, entremos no Barco do Sonho. Rema devagar, observa o fluir das águas. O Amor é assim. Um rio que corre, contorna obstáculos e segue o seu percurso. Contemplo agora os teus olhos abertos e vislumbro um poema sem palavras. Uma ternura que me enternece e me faz voar no Universo dos teus sonhos que também são os meus.

Fanny Costa

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Flor

 


Não cesses de caminhar, não estaciones a vida em labirintos sombrios que não te elevam. Caminha na tua solitude, no silêncio do teu coração e não te distraias com quem não te sente. Aprofunda a tua verdade, a certeza que tu és única, especial e que não precisas de quem te complete. Tu és a completude, tens o Universo dentro de ti. Não temas as sombras porque o Sol habita em ti. Arreda as neblinas dos trilhos passados e respira. Transmuta-te e sê a tua própria Luz. Não mendigues amor, abraços, sorrisos... Tu és a tua própria Alegria. Sê a Paz. Busca a verdade em ti, mesmo que as inquietações perturbem os teus momentos de plenitude. Não bloqueies o Jardim Encantado que te espera. Deixa para trás as máscaras, limpa as ervas daninhas. Tudo passa, tudo está certo. Quando te sentires desamparada, senta-te, silencia, escuta a melodia do Universo. Percebe a mensagem que ele te sussurra, deixa que ela seja a bússola do teu Ser. Floresce e sê a Flor mais bela do teu Jardim. 

Fanny Costa


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

No Paraíso do Poema

Imagem de Anna Ewa Miarczyska


Amor, vem… entrelacemos as mãos, deixemos que os nossos corações toquem as harpas dos sonhos entorpecidos. Caminharemos juntos nas estrofes do poema que nos levarão ao infinito só nosso, intrínseco e silente. Nas manhãs deste outono, os nossos passos serão plumas nos bosques de asas brancas, em busca de melhores momentos que nos embalem a essência no baloiço dos dias que se avizinham mais frios.

Vem, aninha-te no meu colo, a lareira do sonho já crepita e os sorrisos já estão confortados. Sentes o calor da vida? Escutas a melodia dos pássaros que solenizam estes instantes de ternura? Vem, só assim poderemos voar na mesma asa, no calor robustecido do nosso amor.

Vem, traz contigo o poema do teu olhar, deixa-me repousar na sua suavidade e, se desejares, mergulha no lago dos meus, encontrar-nos-emos no verso mais lindo… sem palavras, sem pontuação, somente a rima da alegria, desta conexão encantada de almas. É tão bom sentir a luz dos teus abraços nos meus, perceber a linguagem dos nossos silêncios, a magia destes momentos (e)ternos em nós.


Fanny Costa


 

domingo, 8 de novembro de 2020

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Um Simples Pensamento


Há tesouros escondidos dentro de nós, há uma sabedoria infinita por descobrir. No silêncio da nossa essência, vislumbramos diamantes de luz preciosos abraços invisíveis que nos fazem sorrir por dentro e para a vida.

Fanny Costa

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Diálogo Interior

 


“Há feridas que trespassam o meu sentir, as asas que sustinham o meu voo voaram noutra direção. Há ausência de afeição, caminhos trilhados na solidão, abraços perdidos em algum canto esquecido. Não há melodia. O som pereceu. Há agora o silêncio que me rasga o ser em pedaços de bruma. Há uma face despida de sorrisos, olhos apagados sem paisagem, sem sentidos, ilusões vãs, insensíveis”.

Dizes que já não sabes sentir? O teu sorriso já não é uma estrela? Sentes-te abandonada? Não! O teu castelo não é uma ilha, é um templo de sentidos que tens de reconstruir com os desígnios do teu coração. O tempo avança, não se queda. LEVANTA-TE e CAMINHA. Dá a mão ao tempo. Há um presente por desvendar. Dele depende o porvir da tua legação existencial. Não sucumbas às trevas da dor. Há sorrisos a colher nos bosques de asas brancas. As cítaras das fadas tocam na outra margem do teu pensamento. Não escondas os teus olhos, liberta-os. Não guardes a memória da melancolia. Tu és brilho, não vistas de negro a tua essência. Tu és Amor.

Vem… Princesa das Estrelas! Dá-me a tua mão… leva as minhas asas, vai ao Bosque Encantado dos Anjos… Há uma estrela que te espera num jardim que também é teu!

Fanny Costa


There’s a wise, wise woman
Down the path to the sea
She’s been whispering 
Whispering stories to me
I think she knew the earth was moving 
Right under me
And it was time for the moon to rise in me
Oh it was time for the moon to rise in me

She told me,
Take your boat to where the waters meet
Wait and see where the currents lead 
All it takes is a little trust in the wind
If you find yourself lost and afraid
Don’t lose hope 
Don’t hesitate
Look to the sky 
and the stars will lead you home again

Did you feel your sweetness 
drying up in the sun
Did you feel your skin growing harder 
in the night 
Did you feel the power of the waves
As they rocked and guided you 
Oh don’t worry 
She never comes too soon
Oh don’t worry
She never comes too soon
When the moon 
She rises in you

She told me,
The sky has stories
The stones have songs
It all will speak 
Even this cold hard ground
All it takes is a little listening
If you let yourself be moved and be swayed
By a vision felt but beyond your gaze
Let go and the current will lead you home

Oh don’t worry
She never comes too soon 
When the moon
She rises in you


quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O Livro da Floresta

 


A floresta era um livro ancestral e sábio que se estendia pela montanha das palavras. Desenhavam-se arbustos elegantes no chão, bailados de flores, metáforas de amor que enlevavam o horizonte. Ouvia-se o murmúrio das brisas aprazíveis, as trovas dos pássaros que eram versos embelezados de sol. Os raios das árvores embalavam a alma daquela mulher que sorria por aqueles trilhos encantados misteriosos, que corria alegremente nos parágrafos do amor...

Mas os seus passos estagnaram na página onde as brumas subitamente se adensaram... Os seus olhos mansos de mar já não conseguiam passear nas palavras melódicas do seu coração. Eram agora letras deformadas, embaçadas, sem sentido... Fechou delicadamente os olhos, já não sabia ler, interpretar. Soltou os seus longos cabelos tristes que baloiçavam naquela aragem húmida e fresca. Ousou mover-se nas reticências daquelas linhas desordenadas, mesmo sem saber por onde ia... Galgou os pontos de interrogação, de exclamação e foi... 

E daquele livro, as páginas não voltaram a ser folheadas, uma história incompleta, uma narrativa em aberto, uma página turva e indefinida. As aves nunca mais beberam o sol, nunca mais cantaram nas rimas daquelas árvores. 

Fanny Costa