quinta-feira, 31 de maio de 2018

Digressão Interior



Não temas a solidão, esse instante áureo onde (re)conheces o teu Ser. Não são trevas o que vês, é um imenso oceano onde mergulhas no azul da tua alma.  Se censurarem, não te inquietes com as sombras dos que te observam com os olhos da Terra. É nessa diferença de seres quem és, que tu te tornas Luz na escuridão dos que te rodeiam. Não queiras semelhanças. Tu és um ser singular.  Aprimora-te na diferença, sente a Vida com a doçura do Universo.

Imagina que molhas os pés numa praia, que visitas uma floresta pela primeira vez, o que sentes? Silencia… aquieta a tua mente. Ousa caminhar nos milagres da Natureza, percebe cada brisa, cada som que te murmura e lê a poesia que está escrita em cada sorriso de uma flor, uma saudade contida num ramo que baloiça quando te aproximas. Não te distraias. Continua. Respira, sente o fôlego da Alma que te agradece esta digressão interior.

Se souberes ser tu mesmo, se trepares as tempestades e nelas colheres girassóis, terás o Sol dentro de ti e compreenderás “tudo” o que se expressa dentro de ti.

Fanny Costa

domingo, 27 de maio de 2018

Solidão




Solidão...a voz do silêncio preenche as sílabas abafadas do tormento... letras que se perdem nas ondulações inquietas de mais uma noite sem estrelas.  Palpitam palavras amordaçadas pela penumbra dos sentidos... há um vazio que propala ilusão... perfumes de versos perdidos nas pautas do vento. Os olhares vagueiam sem direção... tresmalham-se no infinito... afundam-se em buracos negros.... Amanhecem luas novas... raios de sombra que aclaram a mente... mais um dia sem o sorriso de um sonho... sem a poesia de um gesto... sem a ternura de uma brisa.

Fanny Costa

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Bosque Secreto



Um pássaro… um gorjeio… um som na magia da solidão! Um infinito desenhado no outro lado do mundo onde escreves os teus sonhos e onde eu oculto os meus.  Dou-te a mão do meu silêncio e caminho contigo nas veredas que se cruzam e onde os violinos da Alma tocam harmoniosamente. Nasce o poema na aurora do Sentir… timidamente danças nos meus braços sem que me percebas e o meu sorriso floresce no bosque secreto das quimeras.

Mas subitamente o pássaro deixa de cantar. O gorjeio extingue-se com o vento gélido que arrefece a magia do silêncio. Regresso ao finito inconstante da minha existência e não vislumbro os sonhos que entrelacei aos teus… não leio o poema que brotou no coração do Universo… e as minhas mãos estão vazias de ti… sem a melodia que nos enleava naquela valsa maravilhada onde o amor despontava em cada flor que sorria.

Regresso a este mundo… sem entendimento...

Ecoa nos vales longínquos este som tão sonhado, esmola do meu querer, asa ferida que não consegue voar para o bosque encantado, vacuidade do sentir, voo interrompido pela neblina da perturbação.

Fanny Costa

terça-feira, 22 de maio de 2018

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Mensagem das Brisas





Sentei-me na almofada do horizonte. Senti um silêncio que me embalava o Ser e adormeci. Não sei se foi sonho, sei que vi um sorriso de luz a abeirar-se do meu corpo. As suas mãos de nuvem tocaram o meu rosto e o meu olhar estremeceu. Lembro-me da fragrância que ficou naquele éden sem nome e das janelas que permaneceram abertas. No papel das brisas uma mensagem poisou no meu peito, mas eu não entendi. Eram códigos das estrelas, brilhos tão intensos que o meu olhar se encandeou deslumbrado. Mas que segredo estaria escrito naquele pedaço de aragem que me arrepiava a pele dos sentidos e comovia o meu coração?

Só quando a melodia da alvorada acordou aquela quietude, eu compreendi que no peito estava escrita a palavra S a u d a d e.

Fanny Costa


sexta-feira, 18 de maio de 2018

Sons da Alma





Já tentaram ouvir os sons da Alma... a canção interior de cada um de nós? O nosso Ser tem uma infinidade de melodias. Ele conhece todas elas. Quando ouvimos a canção de outra Alma e sorrimos é porque sentimos uma conexão musical que nos liberta as asas. Neste momento o voo dançante de ternura é um milagre do Universo que nos abre as portas da Essência.

Fanny Costa

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Correria




A vida corre e nós, loucamente, corremos também. Vivemos enclausurados entre quatro paredes, de coração fechado para o paraíso que está do outro lado, sobrevivemos atolados em obrigações e superficialidades.
Quantas flores perfumadas permanecem na solidão dos jardins sem olhares de candura, de gestos de ternura que abracem a beleza destes trilhos mágicos? Quantos mares murmuram segredos e ninguém os escuta? Quantas vagas poderiam acariciar o nosso corpo e proporcionar um alento interior? Quantos corações choram na clausura do seu Sentir? Vivem amargurados, sem caminhos traçados, vagueiam nos seus deveres. Escravos dos seus arbítrios, asas quebradas, remendadas…


Mas…
Quantas almas choram lágrimas de alegria na solidão do silêncio e veem sorrisos nos jardins revelados no interior da seu Ser? Quantas vezes sonhamos e abraçamos o horizonte que é só nosso? Temos pássaros dentro de nós, escondidos que acordam quando adormecemos o pensamento. E aí somos livres, a nossa casa não tem paredes, o Sol embala a nossa alma cansada e murmura-lhe Amor.
Quando despertamos para a corrida da vida, levamos em nós esse murmúrio doce. Guardamos um tesouro íntimo e o nosso sorriso tem agora outro brilho, sorriem diamantes de Paz.

Fanny Costa

quarta-feira, 16 de maio de 2018

O silêncio



Cada vez mais aprecio o silêncio porque consigo ouvir a minha alma. Nele encontro muitas respostas e percebo o motivo de outros silêncios que são muros intransponíveis e dolorosos.

Fanny Costa

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Natureza



Mergulhar na Natureza, abraçar as brisas, entregar-se sem pensar...apenas sentir e absorver a magia do momento. É este embalo o refúgio dos Sábios, que se envolvem na ternura dos (a)braços da Mãe Terra.

Fanny Costa

sábado, 12 de maio de 2018

Abrigo




Hoje quero ficar sozinha. Preciso escutar o meu silêncio e compreender esta rebelião de sentimentos que sufoca a minha alma. Por vezes tenho esta urgência de ficar estacionada no meu abrigo e deixar-me estar a cogitar nas imperfeições dos meus passos. Hoje não quero companhia, prefiro somente a minha, a que me enxuga as lágrimas que correm pela minha face pálida e me conforta nesta imensidão de inquietações.
Hoje preciso lavar o meu Ser, preciso respirar os aromas das flores ocultas no meu coração. Há tantas questões sem respostas, há tantos castelos a desmoronar e eu não sei o que fazer. Anseio a força anímica que me reconstrua estes alicerces em que me sustento e me devolva algum alento.
Sei do caminho árduo que ainda tenho de trilhar e das dores que me acompanharão, são obstruções essenciais para o meu crescimento existencial. Enquanto aguardo, vou remendando retalhos de esperança que foram perdendo as cores, mas ainda visíveis no meu olhar. Às vezes, vou ouvir o mar, deleito-me nos bosques dos sonhos, olho o céu cheio de estrelas, escuto murmúrios de felicidade e sorrio.

Fanny Costa

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Desassossego




Prefiro adormecer esta voz que anseia alvorecer a escuridão das perplexidades… há palavras que devem ficar arrecadadas nas gavetas do coração e deixá-las repousar no desassossego do pensamento. Quando não sei como deslindar as minhas inquietudes, permaneço sem som, silencio o meu Sentir e vejo-me florir no deserto dos sentidos. E nestes espaços vazios de mim, sei-te como um fragmento presente, mas ausente em mim…

Fanny Costa

Ânsia de partir...



Esta vontade de partir, esta ânsia de esquecer, apagar todas as páginas escritas da minha vida e ir com o vento!
Há dias em que a noite nos agarra e não deixa entrar o sol na nossa alma. Cerram-se as janelas e nem as estrelas espreitam numa fresta do pensamento.
Não sei conter mais esta urgência de segurar a bagagem dos meus sonhos e levá-la para longe…mas há tentáculos que me prendem os voos, agarram as minhas asas, não consigo mover esta ânsia de mudar e renascer noutro lugar.
Quisera banhar-me no rio Letes, esquecer-me de mim, reaprender a viver e sentir com um outro coração mais gelado, mais endurecido e sem sentimentos.
Sinto tanto frio, mas dizem que as flores sorriem lá fora e os pássaros cantam melodias aquecidas pela primavera. Eu não escuto nada… nem o silêncio… somente ruídos atroantes, tantos gritos a martelarem os meus sentidos e esta ânsia de cavalgar livremente os montes que me impedem de vislumbrar a felicidade que está no outro lado que nunca pude contemplar.
Abraço o meu querer, beijo o meu porvir e um sorriso tímido ainda teima acordar dentro de mim…

Fanny Costa

terça-feira, 8 de maio de 2018

Cansaço




Há um cansaço que me acompanha,
enleia-se a mim sem eu querer.
Desequilibra-me o corpo, pesa na alma,
ofusca o meu olhar que já não sabe ver.

Estendo os braços, mas já não sinto
a brisa etérea no rosto nem vislumbro
o sorriso do horizonte nas canções das flores.
Abro as mãos inabitadas de alento
Fogem-me os sentidos por entre os dedos,
como os grãos de areia da praia.
Os sonhos escapam-se na espuma das ondas
que tudo leva... sem retorno.

Fanny Costa

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Clube dos Poetas Mortos





Houve muitos filmes que me marcaram e tocaram o meu coração... "O Clube dos Poetas Mortos" foi um deles. A beleza da sua mensagem faz-nos refletir e ver o que realmente é importante nesta nossa caminhada terrena.
Aproveitar, agarrar o momento, sentir a Poesia da Vida, permitir que ela nos abrace e não sentir vergonha de amar, de verbalizar o amor e de "colher botões de flores". Se os dias forem vividos assim, o nosso semblante iluminar-se-á de sorrisos.
Todos nós somos Poetas... há os que a sabem escrever, mas também há aqueles que a sabem sentir... têm jardins encantados dentro de si e não sabem que são poetas!

Fanny Costa

sábado, 5 de maio de 2018

Bosque dos Sonhos





Deambulo pelos bosques dos meus sonhos e reconheço a minha alma peregrina. O mesmo céu… o mesmo Sol que afagou a minha face nos momentos da minha introspeção, da magia da Lua para a qual a minha alma declamou poemas de devoção.
Não há como fugir deste caminho que me segreda memórias, os astros embalam-me nos seus braços e levam-me para mundos (re) conhecidos. Há um apelo silente que o meu coração escuta… há a voz da verdade que me enlaça, confidências que despertam reminiscências adormecidas.
Uma Alma, que carrega os seus sonhos mais profundos, sabe de onde veio e para onde vai… Um dia irá retornar a sua casa, com um sorriso desenhado nos seus passos de Luz.

Fanny Costa

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Neblinas





Dói-me o horizonte que carrego nos olhos
As neblinas estão pesadas e estou cansada
De deambular com este frio…
Onde está o meu sentir que se perdeu?
Onde estão os sonhos que já não os vejo?
Olho à minha volta e não vejo nada…
Somente a brancura que está tão negra.

Fanny Costa

Tesouro Ausente




Diziam que ela era fada, tinha um lago azul no seu olhar e vestia-se com a cor do mar. Tinha a beleza do sol nos cabelos ondulados como as areias levadas pelos ventos. Gostava do amanhecer e da carícia das flores que ela desenhava nas paredes do seu quarto feito de sonhos azuis. Tinha as mãos belas, acetinadas e coloridas como as flores do seu coração. Havia enigmas naquele Ser invulgar. Os seus lábios de rubis cintilavam mesmo nas madrugadas e guardavam palavras querendo florescer num tesouro ausente, escondido na floresta do seu Amor.

Havia no seu peito uma nascente de perguntas, poemas inacabados e no rosto uma luzência querendo alumiar a noite de um coração ausente tão presente. Vivia fechada numa casa abandonada, mas gostava da solidão porque sentia o murmúrio de uma outra alma que a chamava. O silêncio imperava, era a sua canção e a sua dança oculta.

Os seus braços elevavam-se na sua (in)quietude, queria ser ave e adejar… levitava nas estrelas… queria chegar ao outro lado do seu coração. Havia poemas por terminar e rimas para amar.

Fanny Costa

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Primavera de um Sentir




Ela estava cansada. Sonhava em silêncio enclausurada no seu abrigo de palavras. Esqueceu-se de ouvir os pássaros da sua alma. O barulho do pensamento emudecia a voz do seu coração e fechava as janelas dos seus olhos. Mas às vezes sonhava. Soltava as algemas que lhe prendiam o voo e lhe apagavam os sorrisos amordaçados pelo turbilhão do seu viver.
Abria as portas do Templo do seu Coração e via o Sol a nascer a desfilar no poema do seu Sentir.
No ar, o aroma das rosas brancas, a fragrância do jasmim…cheiros florais de alento. Acordava o Sonho.
Quanta formosura irradia agora do seu semblante. Flutua como uma bailarina, voluteia, dança… cabelos soltos penteados pelos Anjos…  leva nas mãos ramos de ternura. Dos seus olhos nascem sorrisos lunares, lagos azuis embalados no interior da sua alma que espargem magia e doçura no horizonte dos sonhadores deslumbrados a quem chamam poetas.
As fadas sorriem com o chilrear dos pássaros que voam nas brisas confidentes, florescem cânticos e poemas nos bosques abandonados e entristecidos.
Desponta a primavera do Sentir num jardim secreto e radioso… tão sonhado!

Fanny Costa

terça-feira, 1 de maio de 2018

Mulher Flor



Todos os dias as brisas do alvorecer alisavam os seus longos cabelos com os raios do sol e ela, elegante, abraçava a paisagem que lhe devolvia os abraços. Fechava os olhos e sentia uma magia que lhe aquecia o peito e deambulava por campos infinitos de papoilas.

 O sol está em ti, habita a tua casa que ninguém conhece. És um segredo que a natureza encobre no tesouro da floresta, és um lírio perfumado que não pode ser revelado nem tocado.

Quem és tu, Ser enigmático que vagueias por estes trilhos de silêncio e trazes a primavera no olhar? Quem és tu, que pintas os campos com a cor rubra dos teus lábios. Ofereces palavras às flores e elas soltam risadas. Sacodem as suas pétalas e as borboletas voluteiam numa dança querendo poisar nessa alegria.

Todos os entardeceres, com uma grinalda de papoilas, ela regressa com as aves ao ninho da sua introspeção, bálsamo da sua Alma, canção de Amor que entoa enquanto adormece com o beijo das estrelas que depois conversam com a Lua até ao amanhecer.

Fanny Costa