domingo, 13 de novembro de 2022

Melancolia


Não é tristeza. Não é ingratidão! É uma melancolia que percorre os jardins do Sentir. Uma fragrância que se esconde no bailado das folhas que caem no outono da existência. É uma ausência presente nos trilhos cansados. É uma saudade infinda de um futuro que não chega. É uma voz sufocada, um grito nas reticências das quimeras adiadas. O silêncio que espera desesperado. Um tormento apaziguado pelo murmúrio das fontes. Talvez as aves desenhem voos de sol nos horizontes inquietos. Talvez o olhar ainda não se perca nas labaredas da angústia. Talvez as flores ainda brotem nas trepadeiras das águas.

Fanny Costa 


domingo, 6 de novembro de 2022

Ainda ausente...


Queridos amigos leitores, peço desculpa pela ausência, mas há momentos em que as janelas da alma se fecham. Muitos solavancos, muitos obstáculos no meu caminho... um labirinto existencial. Ainda não consegui resgatar a minha paz interior. A poesia está bloqueada, assim como o meu sentir que se perdeu no marasmo da vida. Acredito na mudança e nos sorrisos que anseiam desenhar palavras! Acredito que a primavera vai chegar, mesmo no inverno frio dos dias e que os jardins da liberdade do SER florescerão perfumados de VIDA.
Um abraço. Gratidão pelo vosso carinho e preocupação. 
🌻🦋

domingo, 13 de março de 2022

É Urgente

 

Há memórias que os professores guardam no seu coração e os fazem sorrir...

Esta é uma delas,  foi um poema coletivo inspirado em Eugénio de Andrade: "Urgentemente".

 


"É urgente…

Destruir as palavras que nos arranham

O ciúme, o racismo, a falsidade, a violência…

Apagar as nódoas enraivecidas,

Amansar ondas de abandono e desespero,

Afastar as pedras gigantes dos caminhos,

Deslaçar os nós tristes, amargurados

Asfixiados de desalento e dor.

É urgente…

Secar as lágrimas angustiadas e desiludidas,

Aconchegar a esperança em sorrisos de algodão…

Enlaçar ternura nos gestos e nas palavras.

É urgente…

Pintar o mundo com sorrisos e flores,

Libertar pombas brancas em horizontes oprimidos.

Desenhar estrelas meigas nas noites sofridas,

Perfumar a Terra com aromas de sonhos.

É urgente…

Erguer castelos mágicos na fantasia das crianças…

Enfeitar o céu com arco-íris doces e risonhos…

Desamarrar o silêncio e as ausências,

Compor melodias amorosas, coloridas e …

Cantar, cantar…"

 

🕊 ️(Poema elaborado com sugestões dos alunos do 8ºB e da professora de Português, Fátima Costa) 🕊

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

"Bridge"


Há determinadas músicas que são orquestradas por anjos na Terra. São tão belas que embalam as nossas almas e nos deixam a flutuar no Universo Celestial. 

Há músicas que nos inspiram, que nos dão colo, são abraços invisíveis que sentimos e, por vezes, brotam lágrimas de emoção, de uma profunda conexão e alegria interior.


🎻Fanny Costa 🎹

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Vem...

 


Vem...

Esperar-te-ei na estrofe mais bela, sonharei com o verso mais doce que beijaste e entregaste às brisas meigas do silêncio…

Senti-lo-ei como estrela resplandecente no sorriso discreto de uma noite clara, enlaçada nos teus (a)braços murmurantes.

Do poema brotarão aromas de sonhos, desenhados na canção do horizonte…

Almas unidas, felizes, em suave ternura, doce enlevo dos céus, em sonante doçura.


Autoria: Fanny Costa 🦋 

 

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Murmúrios Perfumados


O murmúrio da floresta, a dança das horas remexem os braços das lembranças. Entre o pensamento e o gesto nascem papoilas nos olhos do sol.

Há um odor de cores que o arco-íris desenha no papel do horizonte, orvalho de cetim que transparece no coração da terra. Inocência de violetas azuis, pintura celestial de uma alvorada que cresce nas brisas do momento, acordes de versos no poema anunciado pela subtileza dos campos bordados de margaridas brancas.

Há um mistério que invade a pele dos aromas terrestres, há um vento que traz o perfume das galáxias que os olhares abrigaram na profundidade dos mares. Olor eterno, resplandecendo ternura, num toque de asas, nuvens de sonho que transportam sorrisos em oásis perdidos nos jardins de esperança.

A alma divaga, erra nas alamedas do Tempo, é uma flor de cristal. A alma resplandece palavras de brisa, pétalas que se multiplicam em notas de estrelas pinceladas no céu de um sonho cantado nas margens da lua, abrigadas no segredo dos instantes almejados.

 

Autoria: Fanny Costa

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Introspeção

 


Corta as amarras do passado que te pesam nos ombros e não tropeces mais na escuridão dos teus pensamentos. Não vivas no que já passou, não permitas que as lágrimas te impeçam de ver o sol resplandecente das manhãs. Agora são simples memórias, arquiva-as no baú do esquecimento! Abençoa-as e vislumbra como elas foram importantes para moldarem o teu Ser. Sente a pureza da gratidão! Se olhares bem no espelho do teu coração, verás que já não és a mesma pessoa. Agora estás mais forte, resiliente e aprendeste a perdoar com a candura da tua alma. Tu és uma guerreira nesta existência terrena, não consintas que te prendam as asas, libera o teu Sentir, voa nas alamedas do sonho. Contornaste tantos obstáculos, choraste, deste gargalhadas de júbilo. A vida é assim, uma sucessão de regozijo, desalento, penumbra e luminescência. Não permitas retroceder na tua elevação interior. Se olhares para trás, sorri porque venceste e prossegue o teu rumo. Olha mais uma vez o espelho do teu Ser, vê como brilhas, como te tornaste ainda mais bela e serena. Não te importes se quem te rodeia não perceciona o teu esplendor anímico. Tu sabes!
Agora as tuas lágrimas brotam das estrelas e sorriem amor. O passado não existe e o futuro também não. Aprecia o encanto do presente. Veste  o teu vestido mais lindo, pinta os teus lábios com o bâton da alegria e penteia os teus cabelos com o perfume das brisas.  Desfruta o milagre da existência e abraça os instantes mágicos do aqui e agora. Respira Paz! Floresce mesmo antes da primavera.

O futuro espera por ti e tu sentes saudades dele, lembras-te?


Fanny Costa  

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Saudade do Futuro

 


Ando cansada! Sinto-me vazia. Há uma nostalgia que me invade, uma sensação de que poderia ser mais feliz. Sinto-me fora do meu espaço sagrado, sinto que poderia dar a mão e o coração a alguém que me acompanhasse nesta minha descoberta interior. São tão belos os trilhos da alma, são poemas celestiais, são murmúrios de Deus que nos abraçam e nos fazem sorrir com lágrimas nos olhos. Adoro a minha solitude, este meu relicário tão encantado. Não há medicação na farmácia que me cure. Há a Natureza, as plantas, as flores, o mar, as aves... Demorar-me nesses lugares abençoados, sentir toda a sua magia e ler a poesia que desponta numa borboleta que pousa no meu braço e as fragrâncias que percorrem todo o meu corpo... Relaxar simplesmente e tocar o amor no ar, respirar profundamente, saber sentir, conectar-me com o meu Eu Superior. Há o silêncio que me envolve e me puxa para um lugar só meu. Há as melodias que me convidam a flutuar noutra dimensão e me desenham sorrisos na alma. Talvez seja ainda o momento de experienciar a solitude, esta minha companhia comigo própria... Talvez no futuro, possa dar as mãos e o coração a alguém que vibre na mesma frequência vibratória que a minha. Ou talvez seja eu que ainda necessite subir mais uns degraus da evolução espiritual... Creio na Sabedoria Divina. Medito com muito amor, vizualizo os meus sonhos como se já estivessem concretizados e agradeço com muita profundidade. É esta paisagem que os sentidos da alma necessitam vislumbrar.

Hoje foi mais um dia em que a saudade do futuro me acenou e disse: "Não desistas de ti nem do que o teu coração faz vibrar. Luta, acredita... Caminha mesmo que os trilhos sejam excessivamente sinuosos e difíceis. Nada impedirá o que já está escrito nas estrelas que te trouxeram a este mundo, sente a tua missão. Tu nasceste e terás de Renascer. Não receies a mudança, sai da tua zona de conforto... A Vida espera por ti há tanto tempo! "

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Omitir = Mentir?

 



"Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te."
Friedrich Nietzche


A mentira mais cruel é aquela que se escuta no silêncio de uma intuição verdadeira. É aquela que persiste e se esconde na penumbra do crepúsculo. E o sol nasce mais uma vez com um sorriso dissimulado, mais um dia em que as nuvens abraçam um  horizonte ferido.
Há corações  cansados que choram mas as lágrimas só deslizam quando os segredos da noite acordam os sentidos da verdade.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Pinceladas de Alegria

 


Que os nossos olhos, neste novo dia, consigam vislumbrar a simplicidade e a pureza do que nos envolve. Que todos nós possamos contemplar o amor nos pequenos (grandiosos) gestos. Que o belo seja simplesmente aquilo que floresce no nosso coração para perfumar e embelezar a nossa vida e de quem nos rodeia. Há quem não entenda que a Felicidade se pode encontrar nas pequenas coisas, como o sorriso duma flor, o murmúrio do vento, as canções dos pássaros, o voo duma borboleta... são pinceladas de encantamento, uma fonte inesgotável de prosperidade e alegria.

Fanny Costa 

sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Venha 2022


 

Mais um ano a terminar, mais um ciclo que se fecha, muitos laços desfeitos(?) , muitos apegos difíceis de soltar...

O Novo Ano aproxima-se e fazendo a retrospectiva do ano que finda, vislumbro muitas inquietações, muitas tristezas, muitas dúvidas. Não vou negar que o coração dói, mas, estas dores que ninguém vê, eu abraço-as e agradeço todas as aprendizagens que me transmutaram numa pessoa mais consciente e evoluída interiormente.

"Crescer" dói, enlaçar a solitude, percorrer o vazio, escutar o silêncio e interpretar a intuição são processos dolorosos, mas simultaneamente libertadores. Quando percepcionamos e aceitamos as nossas sombras, que muitos não admitem existir neles próprios, é que podemos contemplar a Luz tão almejada.

Já dizia Rumi com as suas sábias palavras: "A ferida é por onde a luz entra em ti".

Talvez ainda os dias não estejam assim tão claros e solarengos como eu tanto desejo. O inv(f)erno tem sido muito rigoroso, muitas tempestades, muitas inundações nesta alma tão fragilizada. No campo das emoções, as estações do ano trocam-nos as voltas. Tombaram pouco a pouco muitas mágoas, muitos desencantos com o Outono do coração. Tentei varrer as folhas atormentadas e débeis na esperança que esta nova estação purifique os infortúnios e as agonias. E que nesses espaços arejados e cristalinos se edifiquem as pontes que me permitirão sentir as fragrâncias da Primavera e resplandecer com as flores que irão despontar sorrisos em cada paisagem do meu olhar.

Quero prosseguir o meu caminho sem arrependimentos, sem culpas, sem ressentimentos. Quero agradecer todos os desafios que ultrapassei, quero agradecer a todos os anjos terrenos que me emprestaram as suas asas para que eu não sucumbisse nos abismos do meu sentir. Quero perdoar a quem me fez mal, a quem traiu a minha confiança e pedir perdão a quem magoei pela transparência dos meus sentimentos.

Quero, neste novo Ano, banir tudo o que me fez sofrer e voltar a nascer, rodeada de pessoas que vibrem na frequência elevada que tanto sonho.

Quero dar a mão a quem me ame de verdade e vibre comigo na alegria espontânea, sem medos e sem constrangimentos.

Venha 2022 porque a minha essência já começou a sorrir...


Feliz Ano Novo! 

Feliz Renascer! 🕊️🦋🤍




sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Feliz Natal

 


Mais um Natal... mais uma oportunidade das famílias se reunirem (apesar da pandemia) e esquecerem os conflitos, as divergências e abrirem os seus corações para o que realmente importa: Amor, Harmonia e Paz. Que esta data não seja somente uma ocasião de trocar prendas e degustar boas receitas de culinária... o mais importante é abraçar os nossos familiares e amigos com a doçura da nossa alma e desenhar sorrisos todos os dias do ano. Eu peço SAÚDE ao menino Jesus... porque tudo o resto virá se abrirmos o nosso coração ao milagre da vida.

Um abraço de alma e coração! 

🎅❤🎄💫🎁🎀🕊️

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Anelo da Alma

 


Hoje queria repousar das intempéries do coração, descansar a minha alma numa enseada azul de águas cristalinas e serenas, deixar-me levar pelas velas das brisas mansas, sem destino... apenas ondular em sonhos confortantes, imperecíveis, afagos de eternidade no meu ser...

Hoje eu queria abrir os braços e voar no vento com as gaivotas, em voos de ascensão por um horizonte plácido de luz e amor... queria sentir no peito esta realidade intrínseca que me abraça na imaginação... sentir as gotas límpidas da chuva na minha face, poder limpar as nódoas que magoam o meu sentir... embriagar-me com o elixir abençoado da vida.

 Autoria: Fanny Costa 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Música no Coração


 

Tocam as mesmas músicas no coração... aquelas que nos abraçam e nos levam para o aconchego da memória... Descortino perfumes de rosas na obscuridade da solidão, os meus olhos enevoados redescobrem o azul submerso no marasmo do sonho que quer findar...

Não! Não quero enclaustrar as portas do sonho, o cansaço não vencerá o regozijo de outrora!

Há sorrisos meus que eu esqueci nos atalhos dos crepúsculos, reflexos lunares que tu acarinhas... há gotas da minha alma a escorrer nas pétalas macias dos teus segredos... há um destino que os meus dedos ainda anseiam escrever com as cores eternas do arco-íris... 

Os laços invisíveis ligam o meu corpo ao abismo da Razão... mas eles também enlaçam a minha alma à tua, como se tu fosses um pedaço do meu ser, elo mágico que me ata à essência da vida.

A música continua a tocar neste meu resguardo de silêncio, há notas sibilantes do teu murmurar... palavras tuas fragmentadas, sílabas desencontradas num puzzle que ainda teimo em compor... Procuro resgatar o fulgor das estrelas que me dedicaste, tento abrilhantar as rimas amarguradas do poema longínquo, versos soltos de mim... de ti... desamparados.

Queria tanto explicar-te a languidez dos sentidos, estes que agora não conheço, mas que me lançam na vertigem alucinante das sensações... 

Pudesses tu devolver-me a aurora que eu deixei escapar pelos meandros do meu caminhar... Pudesses tu dar-me a tua mão e, juntos, desenharmos uma pomba branca no coração do pensamento.


 Autoria: Fanny Costa 

domingo, 12 de dezembro de 2021

Brisas Etéreas

 

Olhas o horizonte azul, vislumbras os pássaros que voam da tua alma... e não percebes que eu sou o voo de ternura que te sustém neste emaranhado louco de sentidos. Desenho-te canções de amor nos segredos do vento que deslizam no Tempo... Ecoam murmúrios de sol que te tocam meigamente e que tu acolhes no silêncio das tuas mãos.

Refugias-te no Paraíso da Noite onde te escondes na tua solidão e no silêncio das tuas palavras, mas levas contigo o sol que te dei... Ele agora é a lua que te aconchega, farol da tua alma que te conduz na escuridão do sentir. E em cada estrela cintilante que te sorri, tu sorris também, porque sentes os beijos em flor que derramo no jardim encantado do teu coração... oásis perfumado de sonho que te preenche o vazio da existência...

Adejo contigo nas brisas etéreas do sonho... mas tu não compreendes que quem voa contigo, sou eu.

 

Autoria: Fanny Costa

sábado, 11 de dezembro de 2021

Inquietação

 


Abundam chuviscos nos teus olhos, adensa-se a penumbra que escorrega no horizonte. O teu coração deambula curvado num labirinto de ausências e as tuas mãos trémulas sustentam o gelo das palavras  amarescentes soletradas no rumor do vento. 

Cai a noite, cai a esperança e as estrelas extinguem-se no avesso do céu, enquanto o lápis da memória desenha um mar soturno onde soçobras num tormento cada vez mais padecido. 

 

Autoria: Fanny Costa

 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Utopia

 


O desalento cresce neste turbilhão de sentimentos e a voz dos dias emudeceu num rio estagnado e lamacento. Um bramido tácito ecoa nas trevas do sentir. Há um punhal de palavras que abre feridas quase cicatrizadas. 

Os sonhos foram rasgados,  abandonados num deserto árido e a dor foi tão profunda que a protagonista deste enredo quase sucumbiu num abismo inesperado e dolente. 

Caem as máscaras do teatro da  vida. A protagonista desta história de (des)encantar salta daquela página triste, amarrotada de palavras lancinantes. Foge, sem pensar, sem rumo. 

Há montanhas de espanto por escalar naquele coração quebrantado. Choram os poemas inabitados, tantos versos magoados, embrulhados em rimas imperfeitas

Os seus passos quedam-se prostrados, a angústia é tão penosa que ela não consegue mover-se. 

Olha em redor e os olhos das pedras também choram! Ao longe vê no seu jardim uma flor dolente, murcha... outrora bela, mas regada de utopia. 

Um perecimento anunciado, negado, agora uma realidade... com que futuro? 

 

Autoria: Fanny Costa

 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Era uma simples rosa...

 


O jardineiro amava o seu jardim de rosas, mas havia uma especial que ele guardava no seu coração. Rara flor que ele protegia e cuidava com muito amor num canteiro resguardado e fechado não viessem as ventanias e tempestades magoar a debilidade das suas pétalas.

Um dia plantou outras flores  no terreno fértil do seu Ser e outro jardim floresceu como um sonho a perfumar o seu coração enchendo-o de alegria. Ele contemplava  o seu jardim cheio de cores e fragrâncias maravilhosas mas a rosa do seu coração quase fenecera fechada na sua solidão. Como esquecer a fragilidade da sua flor tão amada? Como poderia esquecer a fragrância daquela rosa que ele tanto protegera e tantos cuidados lhe dera?

Pegou nela, suavemente, espargiu ternura, beijou as suas pétalas aveludadas e com os seus amorosos murmúrios,  as pétalas vicejaram em sorrisos deslumbrantes.

Agora aquele jardineiro não poderia deixar a sua flor esquecida naquele canteiro, aparentemente resguardado. 

O jardineiro perdia-se nos seus  pensamentos, vivia num tumulto de sentimentos e os jardins coloridos eram o seu alento, a sua paz.

Um dia, distraído nas suas infindas cogitações, esqueceu-se da porta aberta e as pétalas aveludadas esvoaçaram velozes  nas asas de um vento agreste. A sua rosa encantada, tão amada, nunca mais embelezou aquele canteiro tão precioso.



Autoria: Fanny Costa

 

domingo, 5 de dezembro de 2021

sábado, 4 de dezembro de 2021

Aconchego

 


Sentada no esplendor da sua praia, ela traçava sonhos com a caneta do coração. Admirava o mar que era o seu lenitivo, um aconchego divino. Abençoada praia que a elevava ao outro lado do horizonte e onde reencontrava a poesia da sua Alma.

Eram horas mágicas que sacudiam a poeira do livro guardado no segredo dos seus dias e lhe devolviam a serenidade ao Coração. As letras tímidas dos seus sonhos enleavam-se suavemente às sílabas e as palavras brotavam na alvura do seu Ser.

Ao entardecer, o sol despedia-se, beijava o seu rosto e espelhava o seu sorriso na brandura das águas que ondulavam em brisas de paz.

Hoje ela  já não pode sentar-se nos degraus sumptuosos daquela praia. Agora vive na solidão do seu claustro insípido, embrulha-se num cobertor amarrotado de tantos sonhos desfeitos. Ainda assim, quando um sonho airoso  lhe murmura um poema, o seu coração esvoaça nas asas dos seus versos e ela repousa os seus sentidos na poesia das brisas, daquele mar distante, mas tão amado.

Autoria: Fanny Costa