quinta-feira, 3 de maio de 2018

Tesouro Ausente




Diziam que ela era fada, tinha um lago azul no seu olhar e vestia-se com a cor do mar. Tinha a beleza do sol nos cabelos ondulados como as areias levadas pelos ventos. Gostava do amanhecer e da carícia das flores que ela desenhava nas paredes do seu quarto feito de sonhos azuis. Tinha as mãos belas, acetinadas e coloridas como as flores do seu coração. Havia enigmas naquele Ser invulgar. Os seus lábios de rubis cintilavam mesmo nas madrugadas e guardavam palavras querendo florescer num tesouro ausente, escondido na floresta do seu Amor.

Havia no seu peito uma nascente de perguntas, poemas inacabados e no rosto uma luzência querendo alumiar a noite de um coração ausente tão presente. Vivia fechada numa casa abandonada, mas gostava da solidão porque sentia o murmúrio de uma outra alma que a chamava. O silêncio imperava, era a sua canção e a sua dança oculta.

Os seus braços elevavam-se na sua (in)quietude, queria ser ave e adejar… levitava nas estrelas… queria chegar ao outro lado do seu coração. Havia poemas por terminar e rimas para amar.

Fanny Costa

1 comentário:

Cidália Ferreira disse...

Como sempre, adoro ler as suas prosas poéticas! :)

Beijos- Boa noite