Um pássaro… um gorjeio… um som na
magia da solidão! Um infinito desenhado no outro lado do mundo onde escreves os
teus sonhos e onde eu oculto os meus.
Dou-te a mão do meu silêncio e caminho contigo nas veredas que se cruzam
e onde os violinos da Alma tocam harmoniosamente. Nasce o poema na aurora do
Sentir… timidamente danças nos meus braços sem que me percebas e o meu sorriso
floresce no bosque secreto das quimeras.
Mas subitamente o pássaro deixa
de cantar. O gorjeio extingue-se com o vento gélido que arrefece a magia do
silêncio. Regresso ao finito inconstante da minha existência e não vislumbro os
sonhos que entrelacei aos teus… não leio o poema que brotou no coração do
Universo… e as minhas mãos estão vazias de ti… sem a melodia que nos enleava
naquela valsa maravilhada onde o amor despontava em cada flor que sorria.
Regresso a este mundo… sem entendimento...
Ecoa nos vales longínquos este
som tão sonhado, esmola do meu querer, asa ferida que não consegue voar para o
bosque encantado, vacuidade do sentir, voo interrompido pela neblina da
perturbação.
Fanny Costa