segunda-feira, 14 de maio de 2018

Natureza



Mergulhar na Natureza, abraçar as brisas, entregar-se sem pensar...apenas sentir e absorver a magia do momento. É este embalo o refúgio dos Sábios, que se envolvem na ternura dos (a)braços da Mãe Terra.

Fanny Costa

sábado, 12 de maio de 2018

Abrigo




Hoje quero ficar sozinha. Preciso escutar o meu silêncio e compreender esta rebelião de sentimentos que sufoca a minha alma. Por vezes tenho esta urgência de ficar estacionada no meu abrigo e deixar-me estar a cogitar nas imperfeições dos meus passos. Hoje não quero companhia, prefiro somente a minha, a que me enxuga as lágrimas que correm pela minha face pálida e me conforta nesta imensidão de inquietações.
Hoje preciso lavar o meu Ser, preciso respirar os aromas das flores ocultas no meu coração. Há tantas questões sem respostas, há tantos castelos a desmoronar e eu não sei o que fazer. Anseio a força anímica que me reconstrua estes alicerces em que me sustento e me devolva algum alento.
Sei do caminho árduo que ainda tenho de trilhar e das dores que me acompanharão, são obstruções essenciais para o meu crescimento existencial. Enquanto aguardo, vou remendando retalhos de esperança que foram perdendo as cores, mas ainda visíveis no meu olhar. Às vezes, vou ouvir o mar, deleito-me nos bosques dos sonhos, olho o céu cheio de estrelas, escuto murmúrios de felicidade e sorrio.

Fanny Costa

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Desassossego




Prefiro adormecer esta voz que anseia alvorecer a escuridão das perplexidades… há palavras que devem ficar arrecadadas nas gavetas do coração e deixá-las repousar no desassossego do pensamento. Quando não sei como deslindar as minhas inquietudes, permaneço sem som, silencio o meu Sentir e vejo-me florir no deserto dos sentidos. E nestes espaços vazios de mim, sei-te como um fragmento presente, mas ausente em mim…

Fanny Costa

Ânsia de partir...



Esta vontade de partir, esta ânsia de esquecer, apagar todas as páginas escritas da minha vida e ir com o vento!
Há dias em que a noite nos agarra e não deixa entrar o sol na nossa alma. Cerram-se as janelas e nem as estrelas espreitam numa fresta do pensamento.
Não sei conter mais esta urgência de segurar a bagagem dos meus sonhos e levá-la para longe…mas há tentáculos que me prendem os voos, agarram as minhas asas, não consigo mover esta ânsia de mudar e renascer noutro lugar.
Quisera banhar-me no rio Letes, esquecer-me de mim, reaprender a viver e sentir com um outro coração mais gelado, mais endurecido e sem sentimentos.
Sinto tanto frio, mas dizem que as flores sorriem lá fora e os pássaros cantam melodias aquecidas pela primavera. Eu não escuto nada… nem o silêncio… somente ruídos atroantes, tantos gritos a martelarem os meus sentidos e esta ânsia de cavalgar livremente os montes que me impedem de vislumbrar a felicidade que está no outro lado que nunca pude contemplar.
Abraço o meu querer, beijo o meu porvir e um sorriso tímido ainda teima acordar dentro de mim…

Fanny Costa

terça-feira, 8 de maio de 2018

Cansaço




Há um cansaço que me acompanha,
enleia-se a mim sem eu querer.
Desequilibra-me o corpo, pesa na alma,
ofusca o meu olhar que já não sabe ver.

Estendo os braços, mas já não sinto
a brisa etérea no rosto nem vislumbro
o sorriso do horizonte nas canções das flores.
Abro as mãos inabitadas de alento
Fogem-me os sentidos por entre os dedos,
como os grãos de areia da praia.
Os sonhos escapam-se na espuma das ondas
que tudo leva... sem retorno.

Fanny Costa

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Clube dos Poetas Mortos





Houve muitos filmes que me marcaram e tocaram o meu coração... "O Clube dos Poetas Mortos" foi um deles. A beleza da sua mensagem faz-nos refletir e ver o que realmente é importante nesta nossa caminhada terrena.
Aproveitar, agarrar o momento, sentir a Poesia da Vida, permitir que ela nos abrace e não sentir vergonha de amar, de verbalizar o amor e de "colher botões de flores". Se os dias forem vividos assim, o nosso semblante iluminar-se-á de sorrisos.
Todos nós somos Poetas... há os que a sabem escrever, mas também há aqueles que a sabem sentir... têm jardins encantados dentro de si e não sabem que são poetas!

Fanny Costa

sábado, 5 de maio de 2018

Bosque dos Sonhos





Deambulo pelos bosques dos meus sonhos e reconheço a minha alma peregrina. O mesmo céu… o mesmo Sol que afagou a minha face nos momentos da minha introspeção, da magia da Lua para a qual a minha alma declamou poemas de devoção.
Não há como fugir deste caminho que me segreda memórias, os astros embalam-me nos seus braços e levam-me para mundos (re) conhecidos. Há um apelo silente que o meu coração escuta… há a voz da verdade que me enlaça, confidências que despertam reminiscências adormecidas.
Uma Alma, que carrega os seus sonhos mais profundos, sabe de onde veio e para onde vai… Um dia irá retornar a sua casa, com um sorriso desenhado nos seus passos de Luz.

Fanny Costa

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Neblinas





Dói-me o horizonte que carrego nos olhos
As neblinas estão pesadas e estou cansada
De deambular com este frio…
Onde está o meu sentir que se perdeu?
Onde estão os sonhos que já não os vejo?
Olho à minha volta e não vejo nada…
Somente a brancura que está tão negra.

Fanny Costa

Tesouro Ausente




Diziam que ela era fada, tinha um lago azul no seu olhar e vestia-se com a cor do mar. Tinha a beleza do sol nos cabelos ondulados como as areias levadas pelos ventos. Gostava do amanhecer e da carícia das flores que ela desenhava nas paredes do seu quarto feito de sonhos azuis. Tinha as mãos belas, acetinadas e coloridas como as flores do seu coração. Havia enigmas naquele Ser invulgar. Os seus lábios de rubis cintilavam mesmo nas madrugadas e guardavam palavras querendo florescer num tesouro ausente, escondido na floresta do seu Amor.

Havia no seu peito uma nascente de perguntas, poemas inacabados e no rosto uma luzência querendo alumiar a noite de um coração ausente tão presente. Vivia fechada numa casa abandonada, mas gostava da solidão porque sentia o murmúrio de uma outra alma que a chamava. O silêncio imperava, era a sua canção e a sua dança oculta.

Os seus braços elevavam-se na sua (in)quietude, queria ser ave e adejar… levitava nas estrelas… queria chegar ao outro lado do seu coração. Havia poemas por terminar e rimas para amar.

Fanny Costa

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Primavera de um Sentir




Ela estava cansada. Sonhava em silêncio enclausurada no seu abrigo de palavras. Esqueceu-se de ouvir os pássaros da sua alma. O barulho do pensamento emudecia a voz do seu coração e fechava as janelas dos seus olhos. Mas às vezes sonhava. Soltava as algemas que lhe prendiam o voo e lhe apagavam os sorrisos amordaçados pelo turbilhão do seu viver.
Abria as portas do Templo do seu Coração e via o Sol a nascer a desfilar no poema do seu Sentir.
No ar, o aroma das rosas brancas, a fragrância do jasmim…cheiros florais de alento. Acordava o Sonho.
Quanta formosura irradia agora do seu semblante. Flutua como uma bailarina, voluteia, dança… cabelos soltos penteados pelos Anjos…  leva nas mãos ramos de ternura. Dos seus olhos nascem sorrisos lunares, lagos azuis embalados no interior da sua alma que espargem magia e doçura no horizonte dos sonhadores deslumbrados a quem chamam poetas.
As fadas sorriem com o chilrear dos pássaros que voam nas brisas confidentes, florescem cânticos e poemas nos bosques abandonados e entristecidos.
Desponta a primavera do Sentir num jardim secreto e radioso… tão sonhado!

Fanny Costa

terça-feira, 1 de maio de 2018

Mulher Flor



Todos os dias as brisas do alvorecer alisavam os seus longos cabelos com os raios do sol e ela, elegante, abraçava a paisagem que lhe devolvia os abraços. Fechava os olhos e sentia uma magia que lhe aquecia o peito e deambulava por campos infinitos de papoilas.

 O sol está em ti, habita a tua casa que ninguém conhece. És um segredo que a natureza encobre no tesouro da floresta, és um lírio perfumado que não pode ser revelado nem tocado.

Quem és tu, Ser enigmático que vagueias por estes trilhos de silêncio e trazes a primavera no olhar? Quem és tu, que pintas os campos com a cor rubra dos teus lábios. Ofereces palavras às flores e elas soltam risadas. Sacodem as suas pétalas e as borboletas voluteiam numa dança querendo poisar nessa alegria.

Todos os entardeceres, com uma grinalda de papoilas, ela regressa com as aves ao ninho da sua introspeção, bálsamo da sua Alma, canção de Amor que entoa enquanto adormece com o beijo das estrelas que depois conversam com a Lua até ao amanhecer.

Fanny Costa

segunda-feira, 30 de abril de 2018

Harpas do Sonho




Tocam harpas pelo firmamento, noites de saudade, estrelas cintilantes no aconchego da memória. Há um Universo para lá do que os nossos olhos perscrutam. Um mundo onde moram os Sentidos tatuados no corpo, viajantes sagrados da Alma. Cada cântico transmuta-se em beleza e deslumbramento. Nesta ponte da vida por onde deambulamos, abrigamos reminiscências (e)ternas, sonhos abençoados pela união de tantas almas afins e tantos (des)encontros destinados.

Ó Harpa celestial, quantos mistérios e segredos albergam em ti! Quantas dores e receios choram em ti? Quantas poesias inspiraste aos Poetas lunáticos, os alquimistas das palavras?
Sorriem e lacrimejam árias infinitas, melodias peregrinas em demanda da Alma Celestial, protetoras dos que ascendem as escadas do Silêncio.

Harpa dos Sonhos, és a Deusa dos ecos que sussurram os céus em noites de ternura e melancolia.

Fanny Costa

domingo, 29 de abril de 2018

Voo dos sonhos



 Há sonhos a flutuar no Universo do Amor. Há quem os agarre e os resguarde no ninho secreto do seu coração. E há quem os leve para dançar no sorriso dos seus braços vazios, mas plenos de Fé. Há tantos sonhos por crescer, há tantas danças contidas no âmago de Seres lacrimosos, tantas grades invisíveis nos olhos cansados que anseiam a liberdade do voo.
Nunca deixes de sonhar, alma amargurada, crê que o bailado da vida já começou dentro de ti.  Não desperdices a melodia do teu silêncio nem cerres as janelas da esperança. Convida o aroma das flores a entrar nos teus aposentos, deixa que as aves pousem nas tuas mãos e te levem a voejar com eles pelos jardins do (a)mar.

Fanny Costa

sábado, 28 de abril de 2018

Santuário do Silêncio



Sinto-me incompleta, um vácuo existencial onde mergulho em noites sombrias sem estrelas. Penso nas palavras que ficaram por dizer e as que ficaram perdidas no horizonte que os meus olhos já não sabem ler. Entrego os meus passos a um labirinto e sinto frio. Caem pingos de sal pelo meu rosto frágil, perdido e sem brilho. 

Mas há dias que o coração quer fugir, leva-me pela mão do Sonho até ao Santuário do Silêncio. Não rejeito este apelo e vou. Levo o cansaço nos braços, as mágoas estão tatuadas em mim… não sei como despir este infinito desalento.

Sento-me num galho de uma árvore estendido no tapete da floresta e silencio o barulho da mente. Respiro profundamente, sinto a fragrância das flores, mas não as vejo. Quero entender o coração…

Descansa, alma angustiada! O teu triste sentir é um pedaço louco de vento, deixa-o ir…. Liberta-te. Ouves o cântico encantado dos pássaros? Eles corrupiam entrelaçados de beijos e de júbilo… eles voam para te encantar. Sorri. Quanta magia nestes fragmentos de silêncio! Fecha os olhos, sente e tudo verás.  Rejeita os pensamentos, flui como um suave regato na mansuetude da tua solidão. Tu és uma pomba branca que um Anjo enviou do Céu. Sorve o sentimento que brota da nascente do teu Ser…. Há tantas palavras sem voz que tudo aclaram, nem sempre o parecer é o ser que julgas abraçar nos teus dias. Deixa-te estar neste remanso. Esquece o Tempo que é uma utopia. Sê as tuas próprias asas, mesmo ressentidas, mas será o teu voo. Dos teus caminhos germinarão flores e estas vê-las-ás porque elas emanarão do jardim formoso do teu Ser.

Fanny Costa

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Sorriso de Arco-Íris




Afaga-me a pele com as tuas mãos aveludadas de algodão doce, suaviza as feridas da alma que ainda doem baixinho…há gotas que ainda brotam das profundidades e teimam em resvalar por estes olhos cansados que dizes ser o teu (a)mar.
Murmura-me os teus silêncios, confidencia-me os horizontes por onde caminhas na tua solidão. Dá-me o teu coração, a tua alma… não acorrentes os diamantes do teu Ser com cadeados de temor e dúvidas. Liberta o teu Sentir, acalma as marés e os ventos que te (me) fustigam. Observa as gaivotas, elas voam mesmo nas tempestades, refugiam-se no areal por onde passeámos os nossos segredos de outrora e onde voámos jubilosos na poesia mansa das ondas.
Vem, amor... estou tão só…oiço melodias nostálgicas, silentes, sem as letras dos teus versos… vem…  adoça-me os sentidos e deixa-me saborear os morangos dos teus lábios. Deixa que eu seja uma gaivota com as tuas asas, deixa-me voar no recanto do teu Céu que também é meu… juntos pintaremos o sorriso de um arco-íris só nosso!
  
Fanny Costa

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Páginas em branco




Poderia escrever-te versos, construir estrofes de pássaros voejantes…  talvez um poema cheio de mim e com o meu coração rimado com o teu em cada verso, mas a realidade emudeceu o horizonte das palavras ainda entorpecidas. As janelas estão quase fechadas. O Sol velou-se na obscuridade das poesias desconexas e eu já não sei ausentar-me da página em que fiquei inanimada, sem luz, sem saber como voar.
A melodia já não toca na partitura meiga das brisas e os sonhos afundaram-se no vazio da procela orquestrada pela dança imprudente de um arcaico momento.
Poderia escrever-te, mesmo que as tormentas tenham desfolhado as flores apodrecidas de uma memoração revitalizada. Sento-me no banco do rodapé e confio. Se eu pudesse escrever o meu amor por ti, encheria de beijos as páginas em branco do livro que já nem ousas folhear. Gostaria tanto de soltar o barco encalhado da tua alma à deriva neste mar alvoraçado de dubiedades. Talvez o vento extinga as brumas do teu Sentir. Talvez me leves de novo nas tuas asas que querem reaprender a voar na reciprocidade do olhar e no mesmo firmamento.

Fanny Costa

terça-feira, 24 de abril de 2018

Invocação





-Ainda adormecida?!

 Desperta, abre as janelas azuis da tua alma. Vejo tantos sonhos querendo despontar, mas os teus olhos ainda estão fechados. Ouves os pássaros a chilrear canções de primavera? Levanta-te, fada das tranças loiras! Enfeita os teus cabelos com as flores do teu jardim interior, veste o teu vestido branco e passeia com a carícia das brisas matinais. 

A Natureza chama por ti e o sorriso do Sol já está desenhado no horizonte. Há mensagens dos anjos nas cascatas que escorrem pelas montanhas, há segredos nos riachos que atravessam o lago do teu olhar vigilante.


Escuta o silêncio e vislumbra a alegria da Terra, entende os murmúrios de amor que a música das folhas orquestram por onde passas com a delicadeza dos teus passos de algodão. Inspira profundamente, sente o perfume reconfortante das plantas. Interpreta os recados do Universo.

Não caminhas só, fada das tranças loiras, tu és plenitude, não tens apegos que te aprisionem as asas e te impedem de ver a Luz da vida. Tu és um Ser livre, ousa e voa pelo arco-íris onde moram todos os teus sonhos.

Fanny Costa

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Casa da Floresta





Que casa é esta que guarda segredos da floresta? Quem mora neste recanto verdejante cheio de mistério? Há nele graciosidade, puro encantamento!  Quem por ele passa sente uma brisa confortante. Há formosura nas janelas pintadas de alegria, sorrisos nas flores que se espreguiçam nas mágicas auroras. Há enigmas escondidos nestas veredas viçosas. Poucas são as almas que a casa albergou, muitos caminhantes nela ousaram entrar, mas a porta era feita de Sol e a sua luminosidade ofuscava os olhares indiscretos.

Ao anoitecer, a casa vestia um cobertor de brumas brancas, excelsa candura que só alguns Seres conseguiam vislumbrar. A Lua abria a porta e as janelas permaneciam descerradas deixando somente entrar os poetas com o coração cheio de estrelas e de sonhos. Eram as fadas da floresta que moravam naquele lugar fascinante. Os Sentidos da Alma emanavam pela casa e as fadas deleitadas murmuravam versos de amor aos magos das palavras. Germinavam poemas nas melodias entoadas pelos violinos daqueles Seres deslumbrantes e o cântico das estrofes na voz dos rouxinóis esvoaçavam naquela floresta maravilhada e harmoniosa.

Quando amanhecia, a porta de Sol continuava cerrada e não se via ninguém naquele lugar misterioso, ouvia-se o silêncio e as gargalhadas das flores quando eram beijadas pelas borboletas divertidas que por lá moravam.

Fanny Costa

domingo, 22 de abril de 2018

A tua flor




Procuras o teu Ser, envolves-te na Natureza, confidencias às borboletas o teu sonho de voar. Há uma Flor ancestral onde queres pousar o teu coração, uma fragrância especial que te complete a Alma, mas os jardins percorridos revelam a ausência do teu querer. A delonga faz de ti um transeunte sem destino submerso na escuridão do esmorecimento, transpondo fronteiras. A vida não te questiona, não te condena, pede que a vivas sem pensar. O pensamento anula os sentidos do teu Eu. Mergulha no teu âmago, escuta o silêncio do teu coração. Entende os sinais dos teus passos (in)certos, percebe os códigos celestiais, nessa jornada interior. E se lacrimejares nessa demanda, recebe essas gotas que emanam dos soluços da tua Alma. Saboreia todos os sentidos, descodifica os trilhos da tua busca incessante. Jamais findes a tua caminhada, observa aquele cantinho que nunca procuraste porque deixaste falar a Razão. Talvez a Flor da tua Alma já esteja a vicejar no teu jardim, radiante e perfumada, no meio de tantas outras flores e sem o perfume do teu Sentir.  Talvez a tua Flor já te tenha sorrido e não tenhas percebido. Já é tempo de voares com as borboletas.

Fanny Costa

Flor triste



Era uma vez uma Flor triste, sem perfume, lírios desencantados e orquídeas murchas no jardim dos sentidos. Ausência de aves. Só a música do silêncio atroante e a dança amarga da solidão, passos desconcertados e atordoados. As brisas enclaustradas choram a ausência de carícias nas pétalas daquela Flor abandonada e triste. As borboletas perderam o seu rumo, voam num labirinto sombrio e não veem a saída das auroras e dos sorrisos das amadas boninas. Pobre jardim onde as lágrimas do céu borrifam a angústia daqueles seres desbotados pelas intempéries do Tempo.
Pobre Flor… tantas palavras bonitas para lhe murmurar, tantos poemas camuflados… tantas quimeras suspensas na letargia dos dias.
Fecharam-se os portões daquele vergel cansado. Árduo viver… a Flor deixara de sonhar!

Fanny Costa